O último trem

Eu quando criança, da minha casa ouvia o apito do trem. chegando ou partindo. Para mim era algo mágico. Eu morava um pouco distante daquela estação. Mas, ouvia ao longe o apito do trem. E saia em uma corrida desenfreada rumo à estação. E chegava na estação ofegante. E o coração acelerado. E estampando uma alegria imensa. Ao ver o trem chegando na Estação. Eu via aquelas pessoas que chegavam com suas malas e sacolas. Se não tinha ninguém esperando por eles pegavam um táxi ou uma charrete para chegarem aos seus destinos. Eu via as pessoas que partiam logo após os feriados prolongados ou fim das férias escolares. Eu imaginava como seria lindo viajar de trem. Viajar para bem longe dali daquela pequena cidade que me viu crescer. E isso seria uma realidade no futuro! O apito do trem soava de novo anunciando sua partida. E todos se despediam, recolhiam suas malas e um último aceno a quem ficava. Uma nova partida do trem rumo ao seu destino final que certamente ficava bem longe. E Eu ficava olhando o trem até o ultimo vagão sumir por entre os morros. Eu cresci! Certa vez eu estive lá naquela mesma Estação de malas pronta. Sem dinheiro no bolso e sem parentes importantes, apenas a esperança de buscar uma nova situação que fosse bem melhor que a atual. E foi bem assim que aconteceu. Eu senti que alguma coisa você ia me dizer. Naquele pouco tempo que restava antes de partir. Mas o seu silêncio me dizia muito mais. Muito mais além que todas as palavras que eu pudesse ouvir. No seu olhar uma tristeza disfarçava. E no peito uma saudade já antecipava. Então sua mão meu rosto acariciou. Não sei por quanto tempo ali fiquei. Mas, muitas emoções ali deixei. E naquela estação era comum ver tantos filhos abraçando pai. Era comum ver tantos filhos abraçando mãe. Em uma longa despedida de quem partia e de quem ficava e eu desta vez partia para não voltar...

 

 

Benedito José Rodrigues
Enviado por Benedito José Rodrigues em 26/07/2023
Reeditado em 26/07/2023
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