O pé de abacate

Eu ainda não falei dele mas, agora se faz necessário falar um pouco dele e contar sua história mesmo porque ele foi e ainda é uma testemunha viva que acompanhou toda uma geração que por ali viveu. Eu vi ele pela primeira vez há quarenta anos atrás ou seja quatro décadas passadas. E ele já estava ali bem pertinho da cerca e fazia parte de um pequeno pomar que tinha ao seu redor. Ele deveria ter uns seis metros de altura uma grande árvore e naquela época ele estava todo cheio de folhas e frutos que amadureciam ali mesmo nos troncos e galhos ou quando não despencavam lá de cima e caíam no chão rachando os frutos. Uma delícia de abacate! E era sempre nesta época do ano que produzia vários frutos. Eu até acredito que quem plantou este pé de abacate foi o vô Luis. Ele era uma pessoa muito criativa e já contava na época com seus mais de sessenta anos de idade e nem parecia. Baixinho, magrinho, de cabelo branco e tinha uma mente lúcida que fazia com que ele criasse muitas coisas de forma artesanal de uso domésticos como balaios, cestas, cabos de machado, cabos de enxadas, armário de madeira, peneira, banco de madeira , cadeira empalhada, etc. Tinha uma grande habilidade impressionante para lidar com madeira, bambú, eucalipto e sabia muito bem manusear serra, formão, serrote, trançador, machado, e outros instrumentos. O vô Luis era uma pessoa simples que só viveu para o trabalho e cuidar da família grande, ele não tinha estudos e nem precisava pois tinha muito conhecimento e experiência da própria vida e da convivência com muitas pessoas conhecidas e era bem visto e respeitado por todos. Não era nenhum político. Não fazia política mas era sempre visitado pelos candidatos que buscavam votos . Era uma pessoa bondosa e sabia fazer uma caridade a quem precisasse e o procurasse e nunca cobrava nada de ninguém e não media esforços pra fazer o bem. Hoje, o pé de abacate ainda está lá no mesmo lugar só que já perdeu muitos galhos e troncos além de muitas trocas de folhagem com o passar dos anos, as muitas chuvas, frios e calor mas mesmo assim ainda continua produzindo os frutos agora em pouca quantidade mas com o mesmo sabor de outrora. E o vô nos deixou na década de setenta....

Benedito José Rodrigues
Enviado por Benedito José Rodrigues em 11/07/2023
Reeditado em 11/07/2023
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