A Cinderela quebrando padrões
A Cinderela quebrando os padrões
Era uma vez uma garota que se chamava Cinderela, apelidada, carinhosamente, pelos seus amigos de Cindy. Desde cedo, Cindy foi incentivada e encorajada a acreditar no seu potencial e nos seus sonhos. Sua falecida mãe sempre falava que ela poderia ser o que quisesse neste mundo, só bastava se esforçar, estudar e acreditar. No entanto, a menina vivia em uma sociedade de gênero rígido e bem estereotipada, onde determinadas profissões se destinavam às mulheres e outras apenas aos homens, como Engenharia Civil e jogador de futebol, por exemplo, que eram os sonhos da garota.
À medida que o tempo passava, mais esse desejo crescia em Cindy. Ela participava do time de futsal da escola e sempre se destacava, a qual era a titular e escalada para competições. Porém, ela vivia em um ambiente pouco agradável, sua madrasta e as meias-irmãs, influenciadas também pela mídia e pela sociedade, ridicularizam-na e diziam que isso não era coisa de mulher, buscando reforçar, cada vez mais, o papel do gênero tradicional. Com isso, lembrava sempre a Cinderela que deixasse essa ideia de jogo e fosse pensar em arranjar logo um marido, pois logo mais ela teria que casar, cuidar da casa e dos filhos.
Cinderela descartava de imediato essa ideia de casar jovem, ser dona de casa e servir ao esposo e aos filhos, como se fosse uma empregada ou até mesmo a gata borralheira. Ela sabia que podia ir além, pois tinha um sonho totalmente diferente. Ela deseja explorar o mundo, o campo, fazer descobertas, construir projetos e conciliar a sua paixão por futebol com o amor pelas exatas. Assim, aos 17 anos, como era uma menina muito estudiosa, dedicada e esforçada, passou no primeiro vestibular para Engenharia Civil, o que acabou tirando o juízo da família, com exceção do pai que procurava sempre apoiá-la nos seus sonhos.
Ainda que houvessem olhares estranhos e piadas da vizinhança e da família, Cinderela acabou se encontrando no curso; realmente, era o que ela sempre queria. Lá, encontrou uma professora, a quem a intitulou de fada-madrinha, uma mulher sábia, que acreditava no poder do conhecimento, na igualdade de oportunidades e na capacidade das mulheres serem líderes em qualquer campo, assim, ela deu todo apoio e suporte, fazendo com que Cinderela descobrisse muitas coisas.
Cindy teve a oportunidade de participar de grandes eventos científicos, onde pôde compartilhar suas descobertas e interagir com outras pessoas da área, o que a tornou uma grande profissional, inclusive, foi a aluna laureada da turma. Seus colegas a respeitavam bastante e tinham grande admiração.
A jovem, mesmo com todos os desafios que enfrentava na faculdade, já que o curso era integral e ainda participava de muitos projetos, não deixou sua paixão pelo futebol, jogava sempre que podia, ia mais aos domingos. E, em um certo dia, o seu time recebeu o convite de jogar em Paris, era um jogo importante e decisivo. O seu técnico disse logo que ela não poderia faltar e assim a menina se despediu dos amigos e dos familiares (ouvindo ainda as reclamações da madrasta e das meias-irmãs) e pegou o primeiro voo, juntamente com o time.
O jogo já começou tarde, o time estava perdendo no primeiro tempo de 2 a 1, buscavam o empate e consecutivamente a virada e a vitória. Sofriam faltas, erravam os passes e a bola não entrava. Com meia hora restante de jogo, fizeram o gol de desempate. Todos vibraram, porém com 5 minutos depois o outro time empatou mais uma vez. Era uma partida tensa, ambos buscavam a taça de cristal, a mais desejada de todos os times. Então, faltando apenas dois minutos para encerrar, Cinderela sofre uma falta e é Pênalti. E, restando apenas 1 minuto para meia-noite, Cindy chutou e fez o gol da vitória.
O jogo foi transmitido para todo o mundo, fazendo com que todos a conhecessem e torcessem por ela, até mesmo sua madrasta e irmãs. Assim, Cinderela fez a diferença ganhando a tão desejada taça de cristal. Depois da comemoração, foi embora, desafiando as expectativas de gênero impostas pela sociedade. Logo, a garota serviu de inspiração para muitas outras jovens seguirem os seus sonhos, independentes de estereótipos de gêneros e preconceitos impostos pela mídia e pela sociedade. E quanto ao príncipe encantado? Ah, quem disse que a Cindy precisa de alguém para ser feliz para sempre?!
FIM
Berlandia Paiva