Céu transparente
Na boca noite sentado na varanda de casa, vejo aparecer a primeira estrela num céu azul, minha respiração esta pesada com falta de ar. Narinas e sinus permitindo, sem abundância, a passagem de ar. Com um esforço a mais que o do dia a dia levantei-me. Fui ao portão, olhei as pessoas passarem apressadas.
Já tinha jantado, voltei sentei-me na varanda mirando o prédio que, há alguns anos, não estava lá. Vi apenas mais um prédio. Olhei para o céu novamente, era um azul opaco com reflexo de luzes. Já não sei se me falta o ar, ou a poesia!
Quando olho novamente o céu estava iluminado com a chegada da lua cheia. E, a partir dai passou a estar — a invenção deste escritor. Meio que numa surpresa, meu corpo começa a ganhar mais energia ao mirar o céu que eu estava imaginando. Aos poucos, criei um céu, que passa a ser meu por direito. O céu transparente, translúcido para o voo do pássaro. Imagino também, um céu frágil, que pode ser danificado se não cuidar.
Mas neste céu respiro melhor. A vida pode ser frágil, sutil e transparente como o céu que criei. Seja com a delicadeza do céu, seja com as entrelinhas da vida de cada pessoa, o cuidado é, por certo, revolucionário. Aos poetas, agradeço a partilha do céu que imaginei, que me “autorizou” a inventar e doar para o mundo. Cada poeta doa a si mesmo a cada pessoa que abre, verdadeiramente o coração!
Sigamos em passos fortes e leves por um possível tempo da delicadeza sob céus, sejam estes azuis um céu meu, seu, e todos que mora neste mundo de fantasia.