O discípulo daquela noite

E naquela noite na Estação Ferroviária a plena certeza da necessidade da busca de um novo mundo a conhecer. Agora nada e nem ninguém por perto. Aquilo tudo que já fora ali vivenciado até este momento não faria mais parte! Aliás, não tinha como fazer parte do que viria pela frente a partir daquela noite. Tudo aquilo a partir de agora ficaria na memória do passado e no tempo! As amizades, pessoas conhecidas, parentes, familiares e tantos outros que fizeram parte do meu mundo da infância e do meu mundo da juventude. Agora, ao que tudo indicava era uma ida sem volta! A partir daí outros caminhos irão surgirem. E a espera de um novo prenúncio de uma vida nova. Estava preparado para o que viria? Não soube dizer naquele momento. E nem tinha como dizer e muito menos afirmar tal coisa. O trem estava atrasado. Era uma noite de junho friorenta. Soprava um vento frio vindo do sul. Mas, a sensação era de um frio intenso. Naquela época realmente fazia muito frio por lá e era comum acontecer geadas nos terrenos mais altos. O trem chegará na estação por volta das 23:20 e logo o apito anunciava a partida! E a bagagem? Sem muita bagagem e nem malas. Não era uma viagem de passeio daquelas que vai e logo volta. Era o básico com apenas algumas roupas e coisas sem muito valor embrulhadas em uma sacola. Mesmo porque, era para começar tudo de novo. Para que grandes bagagens se naquele momento não era assim tão necessário. Era uma ida ainda incerta e para trilhar novos caminhos antes não percorridos. E tudo naquela noite foi ficando para trás. Apesar da escuridão era possível sentir em quais locais o trem estava passando. As luzes da cidade foram ficando lá longe. Há certas despedidas que nunca terminam. É algo misterioso que a própria situação de vida nos ensina. E até hoje ainda escuto o apito daquele trem deixando para trás a estação, a cidade, as pessoas e tantos lugares por onde eu sempre caminhei...