As três feiticeiras da Távola Redonda
Era uma vez um Reino chamado Távola Redonda, localizado na Inglaterra, com lindas paisagens, podendo incluir diversas espécies de árvores exuberantes, animais, rios e riachos que se mostravam multicoloridos durante o verão e primavera. Os principais trechos da cidade eram feitos de pedras lisas coladas umas nas outras para favorecer o transporte, e suas casas variadas de madeira. Era um reino mágico, com um rei poderoso, mais conhecido como Arthur da Távola Redonda, dotado de alguns poderes especiais ensinados pelo seu pai e grande mestre Merlin, que o ajudou a obter com ajuda de uma feiticeira uma das mais poderosas espadas do mundo.
Merlin era um dos magos mais poderosos da região, e possivelmente do mundo. Sua idade é na verdade incerta, devendo ter mais que 200 anos por um suposto feitiço de imortalidade que era um grande segredo que jamais contara a ninguém. Tinha grandes poderes e era muito responsável: era cauteloso a contar tais feitiços para não acabar em possíveis desastres. Por ser filho de um demônio, isso o deixara poderoso por natureza, podendo até se tornar um grande perigo para toda a sociedade. Felizmente não era burro e nem perigoso, era um grande sábio, que realmente não parecia um simples humano. Dedicou-se anos aos seus estudos de magia e ocultismo, sabendo realizar infinitos milagres e rituais de vários tipos. Não demorou muito para ser um respeitado professor da escola de magia da região, se apaixonando pela Dama do Lago, também conhecida como Nimue.
Apesar de tudo, era um homem, e sentia falta de ter amores e prazeres como uma pessoa normal. Com Nimue ele abriu uma exceção de te ensinar alguns rituais perigosos envolvendo paixão e controle. Mas ela sempre queria saber mais, até que certo dia, Merlin queria apenas um envolvimento sem dizer mais segredos, ela que estudasse e se virasse, assim como ele mesmo o fez. Chateada, Nimue decidiu aplicar um feitiço em Merlin, o deixando preso numa árvore de uma floresta vizinha, Broceliandre, que era mágica e também fora enfeitiçada pela feiticeira.
Não demorou muito para que o Rei Arthur sentisse a falta de seu pai e conselheiro. Logo, embarcou numa missão com diversos membros da cidade para saber o que acontecera com ele. Quem soubesse alguma pista ganharia moedas de ouro ou algo valioso que a pessoa desejasse. Uma servente do seu castelo revelou que ele estava em um romance com Nimue, pois já viu os dois juntos. Na verdade, isso não era um grande mistério, pois alguns colegas também sabiam, mas ela foi recompensada e ganhou uma casa com um lote de terras, podendo se casar com um homem poderoso. Feiticeiras alunas do mago relatam que Nimue estava planejando algo, e parecia saber de muitos feitiços. Confessaram que sentiam ciúmes por parecer que ela seria uma espécie de aluna VIP do professor, onde ele não costumava expor diversos conteúdos tão facilmente. No máximo, indicava livros e elas que se esforçassem para descobrir as poções e encantos. Em suas aulas, era só ensinado a base da magia e feitiços mais simples. As três colegas não queriam ouro, mas ter acesso a materiais mais valiosos pra obterem mais conhecimento, e assim tiveram acesso aos livros preferidos de Merlim.
Assim que o Rei Arthur soube, decidiu ir à busca da dama do lago, junto com alguns cavaleiros, mas sabia que não seria simples por ela ser uma grande feiticeira. Resolveu procurar as três colegas de magia que a denunciaram e que ganharam acesso a livros secretos. Ágatha, Trincilla e Sabrina estavam adorando a situação para quem sabe se tornarem também grandes feiticeiras e toparam o pedido do grande Rei de tentar prender a Dama do Lago e facilitar a busca pelo seu professor. Como conheciam os pontos fortes e fracos do seu principal alvo, o único mistério seria aplicar o feitiço exato que a enfraqueça, e com isso, consigam entrar com mais segurança na floresta encantada e resgatar Merlin. As três prometeram lealdade ao rei perante ao reino para embarcar nessa importante missão, onde sendo bem sucedida, provavelmente teriam o que quisessem. Imagine ser a salvadora de Merlin? Se conseguirmos, ele ficaria grato eternamente, nos transformando também nas mais poderosas magas do mundo.
Ágatha era uma jovem mulher inteligente, a mais próxima da dama do lago do grupo. Não demorou a descobrir sobre o possível caso do seu professor com ela, justamente pelo seu repentino conhecimento sobre um feitiço que nunca foi falado. Prestava atenção discretamente nas conversas dos dois depois das aulas, mas não comentou com ninguém. Seu maior foco era aprender feitiços sobre telecinesia, e viagem da mente a espaços distantes. Ao se concentrar, conseguia mover sua mente a um determinado local, podendo escutar e vendo com certa dificuldade o que estava acontecendo ali. Pertencia ao grupo ar. Pensava que seria injusto sua colega saber mais que ela só por estar tendo um caso com o seu professor.
Trincilla adorava feitiços aquáticos e fazia parte do mesmo grupo da Dama do Lago: ambas conseguiam realizar coisas extraordinárias na água, desde tempestades repentinas, afogamentos e movimentos mágicos em rios. Coincidentemente, seus olhos eram azuis e sempre que podia, ia para o lago se revitalizar. Passava por sua cabeça: Nimue deve ficar escondida próxima a um rio, não muito afastada do âmbito terrestre. Pois se fosse eu, era isso que eu faria, somos do mesmo grupo de água.
Sabrina tinha cabelo levemente alaranjado e quase sempre estava de vestimentas nas cores preta, vermelha ou laranja. Adorava tons quentes. Era a mais distante de Nimue, nunca teve vontade de ser sua amiga ou fazer alguma tarefa em grupo, justamente por aparentar não ser de confiança. Seu envolvimento com o professor era só mais uma prova que ela adorava usar as pessoas e sabia que almejava o poder, tanto quanto Sabrina. Era um tanto explosiva, e perdia a concentração em realizar tais feitiços quando estava muito brava, e isso era um tanto perigoso, podendo ou sua mágica não funcionar, ou surgir uma destruição duplicada com base naquilo que quisesse atingir. Seu elemento era fogo.
As colegas decidiram manter fidelidade uma com a outra, onde cada uma pegaria um livro para ler e seria responsável por tais feitiços. Assim, conseguiriam finalizar mais rápido, além de pedir ajuda para outros magos da região. O mago Albert aconselhou que cada uma pegasse um livro de seus determinados elementos para facilitar o trabalho em equipe e suas próprias habilidades. Ele seria uma espécie de guia em sua nova missão de enfeitiçar a Dama do Lago e encontrar o grande mago Merlim.
-Precisamos pensar antes de tudo, o que vocês querem com Nimue. Matá-la? Prendê-la? Enfraquecê-la? Na verdade a pergunta certa seria, qual seria o modo mais inteligente de capturá-la? Vocês precisariam elaborar um plano e também alguns feitiços possíveis de serem poderosos com ela. O que acham?
-A água a deixa mais poderosa. Se ela estiver fora da água será mais fácil. Precisamos enfraquecê-la e descobrir onde está o professor. – falava Triscilla, pensativa.
-O primeiro passo é encontrá-la. Posso tentar fazer isso através da minha mente. Apenas preciso um objeto íntimo dela para eu conseguir localizar. Isso seria um grande norte. – disse Ágatha.
-Vamos até o seu aposento então. – Falou o mago Albert, dando sinal para as três, que seguiam para o quarto de Nimue, que estava trancado. Sabrina olhou fixamente para a fechadura, queimado-a imediatamente.
Ágatha pegava com força no travesseiro da colega e se perguntava em sussurros ‘’Nimue, onde você se encontra?’’. Imediatamente sua mente seguia um caminho que se dava numa floresta, via a cena de uma discussão entre ela e Merlim, que aparentemente tomara a forma de uma árvore. Assistia tudo ainda sem o completo entendimento da situação. Fixou na árvore e tentou entrar ali, e nesse exato momento o mago olhou diretamente para ela, arregalando os olhos.
-Alguém está aí? Por favor, me ajude. – implorou o mago.
-Estou planejando te resgatar, me diga o que aconteceu. – disse Ágatha, onde na realidade estava já deitada na cama, parecendo uma sonâmbula. As colegas observavam contentes, parecia estar dando certo.
-A dama da noite me enclausurou numa árvore por vingança. Ela quer ser a mais poderosa e é completamente destrutiva. Vocês precisam enclausurar ela antes com um feitiço, antes mesmo de vir para a floresta, pois ela colocou mágica em toda a região, como se tudo obedecesse ela. Procure pelo ‘’Feitiço do gelo eterno’’ e depois venha até mim. Agora se concentre nessa tarefa, antes que ela descubra. – falava Merlim em um tom baixo, aparente amedrontado com a situação. Era uma árvore grande, em frente ao lago.
Ágatha nesse momento acordou. - Feitiço do gelo eterno! Precisamos usar o feitiço do gelo eterno contra Nimue, o mago me falou! – Agatha gritava empolgada.
-Ótimo, já ouvi falar desse feitiço. Mas nunca fiz. Sei que é uma espécie de fraqueza pra quem é do grupo da água. – disse Trincilla.
Em seguida, o mago foi com as três na biblioteca, sabia onde estava aquele feitiço. Pegou o livro e leu em voz alta: ‘’Esse feitiço é ideal para enfeitiçar alguém de água. O seu próprio regente irá atuar em sua prisão temporária, bloqueando durante um tempo os poderes do feiticeiro – tudo dependerá da intensidade pelo qual será aplicado. Tudo deverá iniciar pelo regente oposto – o fogo – queimando um objeto íntimo da vítima, junto com uma corrente de prata, gotas de sangue de um mago, e um sopro gelado do gelo – que envolve alguém regente da água. Ao mesmo tempo, alguém deverá pronunciar a frase seguinte em latim do início ao fim do feitiço.’’ – lia o mago Albert.
-Ótimo, podemos começar. Só precisamos do objeto da vítima e uma corrente de prata que inclusive estou usando. – Falou Sabrina.
-E claro, precisamos fazer isso em um local adequado e seguro. A vítima não pode sentir, nem pressentir o que queremos fazer. Encontrem-me na sala secreta de rituais. – disse o Mago Albert.
Ágatha entrou novamente no quarto de Nimue, pegou o travesseiro de forma rápida, chegando às pressas a sala secreta de rituais a qual nunca tivesse pisado antes. Todas colocaram as vestimentas adequadas, e Ágatha iniciava o ritual lendo a frase em latim com Nimue em mente. Pegaram o travesseiro, e tentavam amarrar ele na corrente de prata de Sabrina, enquanto ela mesma queimava o material, seguindo as instruções do feitiço. O mago Albert pegou uma faca e cortou a sua mão, escorrendo o sangue pelas faíscas de fogo. Trincilla se concentrava nas chamas e focava em congelar tudo aquilo através de um sopro, e se assustou ao ver que tudo realmente se congelou. O feitiço fez efeito. Precisavam comunicar imediatamente ao Rei Artur sobre a localização do Mago Merlim, enquanto ao mesmo tempo traçavam o plano nessa segunda fase: encontrar e prender a Dama do Lago.
O rei Artur comemorou a notícia, e ao mesmo tempo espantou-se em saber que conseguiram aplicar um feitiço no tão poderoso mago Merlim. Ágatha descrevia o mais breve possível a sua localização. Enquanto isso, o mago Albert resolveu pensar em um feitiço apropriado para Nimue, a fim de aprisioná-la em um local seguro para possíveis punições futuras. Ágatha focava desta vez em encontrar o exato local que sua antiga colega se encontra. Voltava novamente ao seu quarto e segurou em sua pulseira: estava desmaiada perto da árvore que o professor encontrava-se enclasurado. Então, poderia dar logo início a segunda fase da missão, de encontrar Merlim, livrá-lo do feitiço através de outro mais pesado em Nimue, e ganhariam a missão e recompensa do poderoso Rei Artur.
O mago Albert decidiu que o melhor feitiço a ser aplicado seria da prisão de fogo. Ainda desmaiada o plano seria cercá-la com algumas ervas laranja encantada, presentes na floresta, enquanto o mago ou feiticeiro, regente de fogo, dissesse em voz alta o comando da prisão, juntamente com outras pessoas, enquanto as grades de fogos surgirem.
Um grande grupo seguia as três feiticeiras e o mago, que sabiam da localização de Merlim e Nimue, a responsável pelo feitiço. Não demorou muito para encontrá-los. Imediatamente, o grande mago, ainda preso numa árvore, pediu para Albert fazer o feitiço da libertação. Mas por segurança, queriam fazer o planejado com a Dama do Lago primeiro. Sabrina colocava as ervas laranja cercando a vítima, e falando em voz alta a frase em latim, e todos iam repetindo. Levantou os braços e olhava concentrada para ela, que começava a ganhar as grades de fogo, ficando finalmente, enclausurada ali.
O mago Albert disse uma simples frase em latim que logo Merlim conseguiu sair de dentro da árvore, em aplausos vindos de todos, inclusive do Rei Artur.
-Vocês embarcaram numa perigosa missão, onde achei que ficaria assim para sempre. Mas fiquei impressionado pela facilidade que vocês conseguiram isso. – disse Merlim olhando para Ágatha, Trincilla e Sabrina.
-Elas se saíram muito bem, e inclusive salvaram sua vida. – disse o mago Albert.
-Eu não sei o que dizer. Fico envergonhado por tudo isso, Nimue planejava algo terrível e me enfeitiçou para eu ficar apaixonado por ela e falar todos os segredos da magia. Vocês todos merecem uma grande recompensa por isso. – continuava Merlim, enquanto as três colegas se sentiam orgulhosas delas mesmas.
- Claro que merecem, foi tudo combinado sobre a recompensa. Elas poderão escolher o que quiserem. – exclamou o Rei Artur animado.
-Queremos nos tornar magas. Uma das mais poderosas do Reino. –disse Ágata, olhando para as duas colegas.
-A magia requer muita responsabilidade. Ser uma maga não significa só poder, mas sim, sabedoria. Que mesmo sabendo que pode ter o mundo aos seus pés, precisa se controlar e saber que as coisas não são assim. – falou o mago Melim.
-Então que assim seja, que o treinamento de magas delas três se inicie e prenderemos Nimue na escola de magia, para decidirmos com outros magos sobre o que faremos dela – continuou Melim.
Artur acenava com a cabeça, para seu mago e conselheiro, enquanto o abraçava. O grupo retornava contente para a cidade, enquanto Nimue estava ainda desmaiada sob efeito do feitiço e presa na grade de fogo, arrastada por Sabrina, Trincilla e Ágata. Estavam mais felizes do que nunca, a união dos seus poderes e mentes as deixaram poderosas e bem conhecidas durante um longo tempo.