SENTIDOS
Bonita, alegre e amiga eram as definições que davam a respeito dela. Porque seu modo de viver demonstrava que tinha paz.
Mas um dia, que deveria ser como qualquer outro, encontrou algo que mudaria tudo. Uma caixa vermelha chamou sua atenção ao caminhar pelo parque. Observou ao redor, buscando identificar quem a tivesse deixado cair, mas não viu ninguém. Curiosa, se aproximou do objeto e percebeu que a tampa estava entreaberta e da pequena fresta saiam raios luminosos.
Aquele brilho, apesar de pequeno o espaço, era luminoso e forte. Pegou a pequena caixa nas mãos e foi abrindo vagarosamente. A luz como que em uma explosão forte, cegou-lhe os olhos. Ela soltou rapidamente o objeto e retornou correndo para casa.
Porém, o mal já estava feito e agora tudo que via era a escuridão. Seus dias passaram a ser sombrios, chorava constantemente e se recusava a ver às pessoas. Foi se tornando uma jovem amargurada e triste. Longe dos amigos que a amavam tanto, sua tristeza modificava seu rosto, antes sorridente e belo. Seu coração definhava e culpava –se por não tê-la impedido; estavam mortos em vida, já não queriam saber das coisas que estavam ao redor.
Fraca, sem vontade de viver, foi com dificuldade até a beira do riacho, próximo a sua cabana, ali sentou-se como quem espera a morte. Assim seus pensamentos foram silenciando aos poucos e eis que o improvável aconteceu.
Ela começou a “realmente ouvir” os sons que estavam ao seu redor. O burburinho das aguas do riacho, o vento sobre as folhas das árvores, o craquelar das folhas e galhos secos quando algum bichinho pisava. E foi no instante que ouviu o canto dos pássaros que seus olhos como por revelação se abriram e ela pode contemplar novamente toda a beleza da criação.
E esse tempo de sofrimento e escuridão ajudou a ela aprender a valorizar tudo que Deus fez e agradecer pela oportunidade de ter passado pelas trevas. Para enxergar novamente o valor e a beleza da luz.