A avenida
Os anos deveria ser fim da década de setenta e o mês era fevereiro.
A época era semelhante a essa de pré Carnaval em São Paulo.
Eu ainda era jovem, meio matuto e não conhecia o que era "colombina" e muito menos escolas de samba, alegorias e fantasias. Na verdade eu já tinha ouvido alguém falar de bailes a fantasia e que era proibido para menores de dezoito anos.
Pois bem, eu tinha acabado de chegar de trem na Estação da Luz. Aquele mesmo trem que chamava FEPASA e que gastava em média doze horas de viagem em um percurso de mais de seiscentos quilômetros. Naquela noite passada foi bem difícil na segunda classe de um vagão que parecia querer sair dos trilhos e foi assim a noite inteira. Até que enfim chegamos na Estação da Luz. Ponto de parada obrigatória pra quem vinha do interior e pra quem saia de São Paulo.
Agora na Cidade Grande, eu precisava pegar um ônibus que fosse lá pelos lados do Parque Santa Amélia. Só depois que fui saber que pertencia ao bairro Jardim das Oliveiras, no Itaim Paulista bem distante do Parque Dom Pedro. E só tinha uma linha de ônibus que saia ali bem ao lado do Parque Bom Retiro. Bem ali nas imediações do Mosteiro da Luz e Rua José Paulino.
Foi aí que percebi que em determinado trecho da Avenida Tiradentes estava cheio de arquibancadas daquelas feitas de madeira e ferragem.
Naquele tempo era ali o Sambódromo de São Paulo.
Ainda não existia o Anhembi.
E ali já era um local de aglomerações.
Só hoje percebo que naquela época o Carnaval era um período bom e alegre .
Longe das evoluções atuais.
Aquilo sim era a festa do povo.
Sem máscara!
Com dias certos pra começar e terminar.