Pé de Algodão Doce (Baseado em uma história real).
Nasci e cresci em uma linda Fazenda, onde meu pai era funcionário da Secretaria da Agricultura.
Era um lugar mágico, com florestas, lagos, rios de águas correntes onde, eu, meus irmãos e irmãs (éramos sete), e amigos nadávamos, subíamos nas arvores para comer frutos direto do pé e brincávamos muito, uma infância muito boa e feliz. Lá morei até os dezesseis anos, quando mudei pra cidade, pra continuar meus estudos.
Quando pequena, levava uma vida sempre junto a natureza, amava os animais, me encantava com as plantas, flores e os passarinhos, estes, gostava de ficar olhando e ouvindo seus cantos maviosos.
Não sabia nada da vida e do futuro, que no meu entender infantil seria maravilhoso.
Quando chegava a época do natal, lá todos ganhavam presentes e tinham muita fartura em suas mesas.
Lá era tudo muito organizado, só depois de adolescente que fiquei sabendo disso.
Lá pelo meio do ano, os funcionários eram chamados à sede da fazenda, onde davam as informações sobre os filhos, quantos eram, meninos, meninas, idade de cada um e os administradores providenciavam a compra dos presentes pra todos.
Na véspera do natal havia uma grande festa, com tudo muito enfeitado, uma árvore do jardim em frente à sede era toda decorada com bolas grandes coloridas e luzinhas piscantes, um colírio para os nossos olhos de criança.
Um funcionário se vestia de papai Noel e ia chamando as famílias, pais e filhos pra receberem os presentes.
Ganhávamos bonecas, jogos, panelinhas, os meninos, bolas, carrinhos e tecidos pra fazer roupas.
Os pais também ganhavam tecidos e presentes.
Papai pagava durante o ano, uma cesta cheinha de produtos para o almoço de natal. Vinha também sucos, frutos e muitos doces.
Tudo era maravilhosamente real, só fui saber que papai Noel era um personagem, quando já era adolescente, rsrs.
Minha mãe gostava muito de plantar no quintal de casa, árvores frutíferas, fazer horta e muitas flores, ela amava as flores.
Lembro de um natal, eu estava com uns sete anos, cismei que queria ganhar do papai Noel uma muda de árvore de algodão doce, para plantar no quintal de casa. Uma tia que viera em um ano passar o Natal em casa, trouxe para nós uns pacotes dessa guloseima.
Meu pai vivia falando como estavam lindos os pés de algodão das plantações da fazenda, e eu fantasiava na minha cabeça que o algodão nascia no pé, crescia e quando amadurecia virava algodão doce.
Foi difícil pra minha mãe me convencer que aquele algodão não era de comer, e nem era dele que fazia o doce.
Fiquei decepcionada ao saber a verdade, pois vivia sonhando que meu pai um dia me levasse na plantação, quando estivessem maduros pra eu comer muito algodão doce, até me lambuzar.
Muitos anos passaram, mas nunca esqueço daquela época linda nem dos natais mágicos da minha infância.
Da alegria genuína que sentíamos e da inocência que havia em nossos corações.
Hoje, pouco restou de tudo isso, mas a época do natal continua viva e mágica, trazendo esperanças, encantando as crianças e os adultos.