O fantasma do celular. -um conto de fadas moderno.
Ele só aparecia quando a menininha mexia no celular. Mamãe tem um fantasma no celular. A mãe pedia para a menina trocar de desenho , outras as vezes tomava o aparelho. Mas no outro dia a filha estava com o celular na mão. Havia passado despercebido. Era um contato fantasma no jogo ,tinha o nome de um contanto antigo do whatsapp que não tinha mais aquele número. Roberto Gona. Mas na foto aparecia uma pessoa totalmente diferente, um oriental, um homem magro, alto, vestido com uma roupa longa, de cores negro e rubro da cor de sangue.
Mamãe eu não quero que saia sangue mamãe, não quero que tire sangue de mim, estou com medo, você dorme comigo, nunca vai me deixar mamãe? A menina falava isso enquanto abraçava a mãe que chegava depois de um dia exaustivo de trabalho . A menina de três anos a noite contava para a mãe uma sequência de fatos absurdos, uma encontro em que era dado um presente. A mãe perguntava mas onde vc viu isso? A menina muito apegada sempre contava com detalhes cada situação, mas depois de certo tempo a menina já não sabia explicar. Durante o dia deslizava a tela ente aplicativos e não via nada. Não tem nada. A correria do dia dia escola trabalho almoço .Mas quando a criança pegava o celular, sua voz ele ouvia e passava a conversar com ela, tornou-se conhecido, comum. Era do outro lado do mundo entre o tradutor e imagens que se comunicava com aquela vozinha infantil. Abria a câmera, ligava a localização, monitorava a rotina da criança entre desenhos e vídeos como se fossem doces de um desconhecido em rua rua para atrair crianças desavisadas- e desassistidas. E era assim, através das redes que coletava informações. Mas não era só isso, realmente chegava até elas.
No final do seu destino as tatuava, viravam escravas para as mais diferentes funções, aliadas de guerra, tráfico sexual e por fim de órgãos. Era uma rede enorme e secreta que agora agia de forma anônima e segura. Nunca nenhum adulto descobria, ao redor do mundo muitas crianças eram levadas, e desapareciam sem deixar rastros. Passavam informações, mas as vezes nem precisava, o aparelho ia junto da criança na creche, no parque, no shopping, com os pais ausentes não se sabia quem onde e quando, sem rastro.
A mãe viu um comentário de uma amiga que falava sobre os riscos das telas, de uma criança com celular que já havia sumido. Uma outra explicara o perigo das telas para o desenvolvimento, mas agora não eram só o risco do conteúdo, havia algo mais. A história que a mãe ouviu da amiga era tão terrível que a mãe não conseguia acreditar que pudesse existir, não queria acreditar que pudesse existir. E se lembrou do fantasma que a filha tinha falado tempos atrás. Ao chegar em casa, correu para a filha em silêncio e ficou atrás dela enquanto mexia, viu o contato aparecer misteriosamente, era o japonês de quem ela havia falado, ele existia, a mãe gelou. Tomou o celular tentou excluir, a foto e o número sumia, não dava. Ainda conseguiu dar um print na imagem e denunciar o perigo.
Não sabia o quanto ele tinha visto e ouvido. Há quanto tempo estava ali o quanto havia perturbado a paz da sua família. Não sabia nada. O medo e o desespero se apoderaram dela. Era terrível.
Era um inimigo silêncioso que vivia nas telas do celular. Roberto Gona o contato antigo, mas por trás era um outro número que ela não conseguia ver. Não dava para apagar. Era o inimigo da criança e ela já havia falado sobre ele. Agora não tinha mais como se esconder ele já sabia de tudo.