Na Pracinha do Coreto
Era um momento triste. Um ar triste. Como é em todas as despedidas. Eles deram as mãos, de frente um para o outro. Rodavam como quem brinca de rodinha, mas tão lentos que nem mesmo percebiam que rodavam. Não falavam nada, apenas entreolhavam-se, calados. Precisamos ir - disse ele quebrando o silêncio. Vamos fazer o seguinte, te dou um beijo no rosto, nos viramos rapidamente e você vai por lá e eu por aqui, assim vai ser mais fácil - Disse o garoto, agora acariciando os cabelos dela. E foi assim. Ele deu o beijo como combinado. O que não estava combinado era que ele ganharia outro dela. Um sorriso sorrateiro, mas não menos verdadeiro surgiu nos rostos de ambos. 'Smak!'. O beijo até estalou, e eles se abraçaram. Sair agora? Como tudo era mais difícil na prática. Mas desta vez - para o espanto do garoto - ela tomou a iniciativa. Se soltou dos braços dele e saiu correndo pela esquerda do velho coreto. Ele não hesitou em sair em disparada pelo lado direito. Lá de cima ele a avistou correndo lá em baixo e deu um tchau, correspondido no mesmo instante. Ele podia correr mais que aquilo, mas foi acompanhando a velocidade dela. Quanto mais tempo admirando a tua garota, melhor. Eles não gostavam de despedida. Ninguém gosta de despedida, quem dirá dois garotos de 11 anos. Chegando no fim da praça, ela começou a subir, agora andando em passos curtos. Ele diminuiu a velocidade, mas não tanto quanto ela. Chegaram junto (como fora combinado) às tuas mães. Uma do lado da outra, sentados no banco da praça e fofocando sobre qualquer coisa.