Astral (Capítulo 1)

A SEMANA SE INICIA PRA CADA ELEMENTO

Ano: 2022.

Cidade: Serkel.

Hora: 22:00

— Mãe! Tô indo dormir! Boa noite!

Diz Ada, e logo depois fecha a porta de seu quarto, que já está de luz apagada.

— Daqui a pouco ela reclama que tô gritando pela casa. Mas, se eu der boa noite pelo Whatsapp, ela reclama também... Enfim.

Ada deita na cama, e se cobre, confortavelmente, com sua manta cor de vinho.

— Ah, não...

Ada olha pro lado e percebe que não acendeu a luminária. Uma luminária preta, que fica ao lado da cama, mas não tão perto, então quando ela vai ler algum livro, precisa acender a luminária antes de deitar na cama.

— Vamo, vai... — Diz Ada com a voz esgueirada, esticando a mão pra tentar tocar no interruptor, mas aparentemente é inútil.

— Só... mais... um pouquinho...

Eis que ela consegue ligar o interruptor facilmente, fácil até demais...

— O que... o que foi isso?

A mão da garota parece ter se esticado mais do que o natural. Mas, será que isso é possível?

— Isso não é possível. — Diz Ada com o olhar baixo e cético.

A menina se aconchega na cama, pega seu livro, passa um tempo olhando pra capa de seu livro... folheia... olha pro lado, faz uma cara de detetive e...

— É, não é possível.

Ano: 2022.

Cidade: Serkel.

Hora: 22:14

Tétia não pisca. Permanece sentada, de pernas cruzadas, em frente ao videogame, vidrada, com seu pijama vermelho.

— Tétia, eu não vou falar outra vez! Desliga o videogame e vai dormir! — Grita sua mãe, lá de baixo.

— Eu vou desligar agora, mãe! Pera aí!

Tétia continua jogando, sem perceber que já se passaram mais 8 minutos.

De repente, ouve-se o barulho de pisadas no chão, como se alguém estivesse subindo as escadas. Bom, "ouve-se" é uma palavra muito forte, pois Tétia estava tão vidrada no jogo, que não ouviu.

Felizmente o videogame não é capaz de ensurdecer ninguém, a garota conseguiu ouvir quando sua mãe já estava chegando perto da porta, e só deu tempo de desligar o videogame.

Bom, só daria tempo disso, né?

O impulsos de Tétia a fizeram acreditar que daria tempo. Depois de desligar o videogame, a mão de sua mãe ainda estava na maçaneta, empurrando a porta, e a garota correu pra sua cama. Correu tão rápido, que suas pisadas no chão mal fizeram barulho.

— Tet, eu já falei pra... — A mãe da garota olha ao redor. Podia jurar que ainda agora tinha acabado de ouvir o som da TV, mas quando olhou pro lado, sua filha já estava deitadinha na cama, "roncando" como uma princesa.

A mãe fecha a porta devagar, fazendo a porta ranger baixinho.

— O quê?! — Berra Tétia enquanto levanta a cabeça rapidamente com uma parte do lençol pendurado nela. — Como foi que eu cheguei tão rápido na cama?! Eu vim voando, só pode!

Ela nunca tinha corrido tão rápido assim na vida. E olha que ela já teve que correr pra cama a esse horário da noite várias vezes.

Ano: 2022.

Cidade: Serkel.

Hora: 00:00

— É! Agora elas acham que podem falar o que quer só por causa desse negócio de feminismo! — Bodejava um rapaz, ao lado de uma churrasqueira.

— Cara, é o que eu digo pros meninos, se você deixar elas falarem demais, você vai ouvir bosta atrás de bosta.

E continuavam bodejando os dois, enquanto riam, cuspiam e babavam.

Um pouco atrás, um garoto vestido com uma camisa azul marinho com um capuz. A roupa inteira do garoto parecia meio rasgada, meio calejada.

Aos poucos, o garoto vai chegando perto da churrasqueira, o tempo todo olhando pro rosto dos homens. De repente: Tcham! O garoto pega rapidamente um espeto de churrasco e sai correndo.

— Ei, moleque! Tá ficando doido?! — Grita o homem enquanto corre.

O garoto vira a esquina rapidamente, mas a sua frente... uma rua sem saída.

— Aqui, ele foi por aqui, certeza! — Berra o homem, felizmente meio bêbado.

O garoto se rende à situação, fica no cantinho da parede, uma região meio escura, já que a luz na rua era meio falha. Segura forte o espeto junto ao seu peito, fecha os olhos, e exprime o rosto.

— Cadê esse arrombado?

O garoto continua na mesma posição.

— Que porra! Eu vi ele entrando aqui!

O garoto ouve o homem chegando perto dele, e solta um suspiro que mescla desespero e contentação.

— Desgraçado... — Murmura o homem enquanto dá meia volta e vai embora.

"Como assim?", pensa o garoto...

O homem parou literalmente na sua frente, e não o viu? Tudo bem, era um pouco escuro, mas não era nada demais, era totalmente visível.

O menino nem para muito pra pensar. Na própria parede, vai rastejando as costas até sentar no chão. Dá um sorriso muito leve, como quem não tem tanta força, e começa a jantar.

Ano: 2022.

Cidade: Serkel.

Hora: 06:00

Zock acorda na sua cama. Olha pra frente, nem boceja. Se levanta com uma expressão séria, troca de roupa, e sai do quarto.

— Ei, o pai pediu pra comprar frango pra janta hoje.

Zock ignora o irmão, e continua andando pra fora de casa.

Ao sair de casa, Zock não vai muito longe, se encosta na própria parede da casa, tira do bolso um isqueiro, um cigarro, e acende.

Passa um tempo, e em frente a casa do garoto...

— Ei, olha aquele otário, acha que pode fumar cigarrinho nessa idade. — Fala sarcasticamente um rapaz, junto a dois amigos.

— Owwwn, ele quer mostrar que a idade dele não quer dizer nada, que ele faz o que quiser da vida... — Diz o outro rapaz, em sintonia.

— Aê, olha pra gente, tamo falando com você! — Grita o primeiro valentão.

Zock continua fumando, olhando pros lados...

Os valentões chegam mais perto, enquanto continuam a dialogar sutilmente.

— Ei, seu cuzão, você tem vergonha de olhar nos nossos olhinhos?

— É o seguinte, eu não tô mexendo com vocês, é só vocês fazerem o mesmo... — Diz Zock, ainda sem olhar nos olhos dos valentões.

— Ihhhh... olha, pelo menos ele sabe falar, galera...

— É só vocês fazerem o mesmo... — Diz Zock, com a voz um pouco mais baixa, como quem está falando pra si mesmo num tom de desapontamento.

— Vamo ver se ele também sabe se mexer.

O valentão principal ergue a mão num soco, em direção à cara de Zock. Zock sobe o braço pra bloquear. O soco foi até que bem forte, machucando um pouco o braço de Zock.

Zock se enfurece, fecha a cara, mais do que já estava, e sobe a mão esquerda num soco que vai direto na cara do valentão.

— Ei, que porra é essa?! — Grita o outro valentão.

O valentão atingido logo volta a golpear Zock, mas Zock desvia de quase todos, e começa a socar e chutar os três valentões.

Zock leva alguns chutes, mas acerta todos os socos nos valentões.

Enquanto um valentões levanta o braço para chutá-lo, Zock segura sua perna e mete uma cotovelada em outro valentão, o derrubando. Nisso, Zock segue espancando os três valentões. Mas, de repente, aparecem quatro garotos no lado da rua...

— Ei, ó lá! Tem um cara batendo no Butt! — Grita um rapaz apontando pro lugar da luta.

Logo, os quatro garotos começam a correr em direção a Zock.

Zock, com o nariz sangrando, e alguns roxos no corpo, de forma muito sensata, começa a correr, acionando uma fuga imediata, pois não conseguiria lutar contra sete valentões sozinho, ainda mais depois de já se machucar.

Zock, corre, e os quatro garotos correm atrás.

Num determinado momento, já meio cansado, Zock se vê no meio de uma rua em que, o final da rua dá direto pra um buraco, pois estavam fazendo reformas. O buraco era muito extenso, e não dava pra pular. Mas ou Zock ficava e apanhava, ou tentava pular. Arriscou pular.

Zock continuou correndo, sem parar, gastando toda a energia que faltava, e pulou...

Por algum motivo, o pulo foi extremamente longo e alto, tão alto que Zock quase torceu o pé ao aterrissar...

— Ai, caralho! — Reclamou Zock, segurando nos pés.

Ele não foi o primeiro a achar estranho o gigante pulo que deu.

— Que porra foi aquela?! Tu viu?

— Vi! — Falavam estranhados os valentões, que, logo deram meia volta e foram embora.

Zock olhou pra trás, observando o buraco, olhou pro chão onde estava sentado, olhou pros pés... e continuou sério, mas com uma cara de quem está incomodado e curioso com algo.

Ada. Capricorniana. 18 anos. Tem cabelos escuros e longos, com um rabo de cavalo. Olhos escuros, usa óculos, e geralmente usa roupas com cores mais fechadas, mas dificilmente preto. Um verde escuro, por exemplo. É Inteligente, cética, pragmática. Não é boa em entender piadas. Não gosta muito de piadas. Tem um gatinho chamado Brutos.

Tétia. Ariana. 17 anos. Tem cabelos curtos, vermelhos e pra cima, lembra fogo. Olhos escuros. É magra, e gosta de roupas abertas, claras. Prefere usar roupas que mostrem seus ombros. Alguns a chamam de Tet. Hiperativa. Adora arriscar. Adora piadas. Inconsequente. Geralmente, o único momento em que é mal-humorada, é quando acorda, ou quando atrapalham se ela estiver no banheiro.

Flynn. Canceriano. 16 anos. Baixinho. Magro. Olhos castanho bem clarinho, beira o amarelo. Cabelos curtinhos, bem bagunçados e cinza escuro. Um garoto pobre. Doce. Tímido. Solitário. Nunca foi muito de ouvir piadas. Sempre anda com um brinquedo específico no bolso.

Zock. Aquariano. 17 anos. Alto e gordinho. Olhos escuros. Cabelos curtos e escuros. O lado esquerdo do cabelo é raspado. É sério e tem bastante força. Não gosta muito de conversar. Se ele achar uma piada engraçada, provavelmente não vai rir. É viciado em séries de romance.

E assim, a semana se inicia pra cada um. Uma capricorniana (terra), uma ariana (fogo), um canceriano (água) e um aquariano (ar).

A semana se inicia pra cada elemento.

BrunoCosta
Enviado por BrunoCosta em 07/09/2022
Reeditado em 07/09/2022
Código do texto: T7600805
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