O QUE SE PENSAVA ETERNO

Mas, imagino com meus botões, qual teria sido o resultado caso permanecesse trilhando a mesma rota, girando no mesmo eixo, lado a lado de velhos amores e sem mais nenhuma perspectiva de sonhar? Difícil responder com precisão a tal questionamento, conjeturar não levaria a bom termo o ponto fulcral de proporcionar uma resposta contudente. O passado é imutável, o presente se mostra vivo e o futuro, incógnito, não se me dá o luxo de saber.

Sobejaram, desse modo, depois do ontem quase não tão longínquo, paredes escuras e frias do hoje vazio, a ausência de calor, o abandono dos afagos, a morte dos sorrisos, o silêncio daqueles para quem a indiferença tomou o lugar do carinho, nada mais. É que o ainda agora se mostrava colorido e risonho, transbordando bons prenúncios, esperançoso pela expectativa de portas e janelas abertas para a alegria, de lábios amorosos se encontrando cálidos na doce fusão dos beijos ardentes. Sim, por instantes assim foi, por muito pouco, dir-se-ia. Quando, para o desespero desse coração pressuroso, o inesperado "até nunca mais!" escureceu o horizonte, manchou os anelos, emudeceu um amanhã por demais sonhado e apagou o brilho dos olhos apaixonados.

Houve um fim, o espanto do rompimento, a triste surpresa do ponto final, o amanhã, na verdade o futuro a dois imaginado evaporou-se da mesma forma como as ilusões definham e transformam em meras lembranças teimosas o que se pensava eterno

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 29/08/2022
Código do texto: T7593974
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