Amor por detrás das brumas
Sou Ceridwen di Lancelor, filha do cristão Lancelot com a sacerdotisa Morgan van Feu.
Minha família muito devota em suas crenças, meu pai com seu Cristo e minha mãe com sua deusa Mother Earth, me impuseram dogmas e mais dogmas e hoje digo que acabei agnóstica e um tanto cética, mas herdei a fé no espiritualismo e nos dons dos Wiccas.
Fui iniciada muito nova por Brígida em Ávalon, onde desenvolvi todas minhas habilidades místicas. Sempre fazíamos convenções na qual se reuniam todos do reinado de Gália e também de Bretanha.
Aos meus 19 anos me apaixonei pela primeira vez. Foi tudo muito grande e muito proibido. Eu tinha desde então, decido a me dedicar somente à deusa e ajudar a dama do lago no que precisasse.
De início só nos víamos nos encontros de Beltane e em Sabbaths mas eu sabia que um dia eu teria que fazer escolhas, ou melhor, meu pai já havia escolhido um esposo para mim.
Jamais quis desaponta-lo. Então em uma das comemorações do Esbat da Lua negra, decidimos fugir. Não sei por que, mas deixei uma carta para minha mãe falando do ocorrido e que na dúvida e também na certeza de que as leis da igreja iram me levar a morte, resolvi viver com minha amada Nêmesis longe de tudo e de todos.
Pensando que a carta seria até mesmo um alívio, de pelo menos saber que eu estava bem, ela foi devastadora.
Meu pai ordenou que nos caçassem e que queimassem Nêmesis viva. Com sua magia, mamãe nos localizou e eles nos encontraram, mas eu pude ver em sonhos sua chegada e como seria insuportável vê-la morrer, nos matamos de amor. Tomamos um veneno mortal e morremos juntas. Minha alma foi duplamente condenada à morte eterna pela igreja, por amá-la e pelo suicido, dando início assim à caçada as bruxas.
Com o tempo a cultura pagã foi sido omitida e enterrada.
E essa foi a segunda vez que tive contato com o inferno. Pois a primeira vez, foi quando senti o amor avassalador por Nêmesis. Mas ela também foi a única que me levou ao paraíso. Minha vida foi interrompida naquele plano astral e por isso retornei nesta era, com outro nome, adotada por outra família, os du Coundrey. Sou Madeleine Sophia, estou com 29 anos, sou um tanto ríspida, um tanto dura comigo mesma, mas a pessoa mais sentimental existente neste plano. Se eu pudesse escolher, estaria ainda a vagar com meu amor pelos cosmos, mas tive uma segunda chance, pecarei novamente?
Hoje, tudo que não me mata, me fortalece, mas ainda sinto no meu coração uma necessidade de amor, de dar a uma criatura esse amor que me bate no peito. Mas ainda não encontrei uma mulher –uma só, por quem eu pudesse bater de amores e dessa vez morrerei sozinha, pois Nêmesis sempre terá tudo de mim, porque almas gêmeas nunca morrem.