A mesma praça

A minha rua que alguns chamavam de Avenida Iracema e depois Avenida Vereador José Gomes Duda.

Ela era assim uma estrada de chão que já vinha lá do Marajoara e passando pelo Jardim Marajá, descendo pelo centro e ligando a Guaraniuva. Quando chovia era lama e barro pra todos os lados. Com as novas administrações do Município foi sendo pavimentada. Primeiro com blocos de paralelepípedos. E mais tarde com o progresso chegou o asfalto.

Ela sempre foi uma via de acesso muito importante pois ligava os dois extremos da Cidade .

E com o progresso chegando foi dando lugar a vários comércios em seu percurso todo.

Mas, ali no Centro, criou-se um ponto de encontro.

Muito frequentado pelos jovens aos sábados e domingos e durante a semana ponto de encontro dos estudantes que vinham dos bairros estudar nos colégios da Cidade.

Este ponto de encontro ficava bem ali ao lado da Praça do Relógio.

Ali ao redor montaram bancos, uma sorveteria muito frequentada, lojas de roupas, calçados, posto de gasolina, farmácia, hotel, bazar, barbearia e um cinema. Um único cinema que sempre existiu na Cidade. O Cine Pedutti ou Cine Luz.

Eu já falei dele várias vezes aqui no Recanto das Letras.

A cidade, naquela época, estava crescendo. Tinha a ferrovia, rodoviária, industria de óleos, máquinas beneficiadora de café, algodão, arroz, fábrica de móveis, madeireiras e fábrica de gaiolas para granja além do comércio local.

Porém, como ponto de encontro tinha basicamente o jardim, a igreja, a praça, o clube e o cinema.

Nos anos 60 e 70 o cinema ainda era uma novidade na cidade. Ele era um prédio antigo e no andar de cima ficava a sala de projeção dos filmes. Com uma entrada na frente pela avenida, com duas portas na entrada da sala de projeção e uma cortina vermelha.

Tinha duas saídas laterais, duas bilheterias, uma lojinha de balas, chicletes e doces.

Em seu interior várias fileiras de poltronas de madeiras. O não era nada confortável. E nem era nenhum “Cinemark”. Mas, era bem aconchegante.

Nas paredes bem na entrada ficavam expostos os cartazes dos filmes. E em um destes cartazes estava a sessão de sábado a noite. Ir no cinema para muitos adolescentes, ainda era uma novidade. A sessão daquela noite era "Os Embalos de Sábado a Noite".

Era moda ir nos bailes e nas brincadeiras dançantes.

Tudo ao som de ABBA, Bee Gees, The Carpenters...

Aquelas músicas. E que belas músicas. Que marcaram décadas. Ficaram na mente. Marcando momentos e situações vividas. Acompanharam toda uma geração.

O clube fechou.

Virou um centro comercial. O outro virou uma igreja!

Não tem mais os bailes. Não tem mais as brincadeiras dançantes. O cinema também fechou. Eles reformaram e reabriu. Mas, não deu certo e fechou novamente. E nunca mais abriu. Hoje virou uma loja de móveis e decoração. Não tem mais a sessão dás vinte horas.VNão tem mais os "Embalos de Sábado a Noite"...

A "Praça do Relógio", esta ainda está lá. Virou um cartão postal. Ela está marcando a passagem de gerações e ainda é parada obrigatória nos fins de semana.

Certa vez eu estive lá.....

Benedito José Rodrigues
Enviado por Benedito José Rodrigues em 20/07/2022
Reeditado em 19/04/2023
Código do texto: T7564060
Classificação de conteúdo: seguro