Relembro a casa
Relembro a casa.
Não tinha varanda.
O piso de tijolo batido com barro.
As paredes pintadas de cal.
Já gastas pelo tempo.
Naquela casa o silêncio pairava sobre o picumã caído dos telhados.
Minha casa era modesta.
Bem simples para aquela época.
Na frente tinha uma espécie de salão.
O morador anterior deveria ter uma mercearia no local.
E foi neste local que mudamos em 1956.
Eu tinha acabado de nascer.
Os primeiros anos foram os melhores.
Eu estava seguro
Não tinha medo de nada
Ainda não tinha medo de escuro
Não temia trovão e raios.
E nem temia fantasmas e suas aparições.
Sempre tinha meus irmãos à minha volta.
Meus primeiros colegas sempre por perto.
E meu pai sempre de volta.
Trazia o suor no rosto.
Da labuta diária.
Serviço pesado.
Era o que ele sabia fazer.
Pouco estudo.
Nenhum dinheiro no bolso.
Mas trazia esperanças.
E gostava de voltar para casa e ver todos.
Essas recordações me matam!
Essas recordações me matam...