E se fosse possível voltar no tempo (IV)
Eu aprendi bem mais tarde na Universidade que a realidade do luto enfrentado por uma criança e suas transformações decorrentes deste luto
são primeiramente a fase da negação de perder o pai neste caso.
Eu aprendi que logo a seguir vem o medo e suas sensações e manifestações.
Lembra que eu sentia medo de "fantasmas"?
Já o processo de sentir raiva é muito presente quando há um apego exagerado fortalecido pela convivência. Neste caso a depressão, poderá surgir e as vezes nem se percebe pela convivência.
Já a aceitação ela é manifestada após um ano, quando bem trabalhado o "luto".
Eu diria que não tive esta observação e nem tempo para passar por todas essas etapas.
Havia uma necessidade maior a ser suprida e o período da adolescência já me remetia a busca de trabalho efetivo.
Eu agora encontrei um amigo de infância que era "pedreiro".
E comecei a trabalhar como "servente de pedreiro".
Não conhecia nada daquela profissão.
Nem precisava.
Com jeito fazia a "massa" com cimento, areia grossa e areia fina.
E passava os tijolos para que fossem assentados.
Não tinha registro.
Era um valor diário combinado.
Um horário diário de oito horas de trabalho de segunda a sábado.
E assim foi o meu segundo trabalho.
Parece que a nova "profissão" estava se desenhando.
Logo em seguida, comecei a trabalhar como ajudante de pintor.
Eu já era autônomo.
E tinha uma facilidade de aprender e logo deixei de ser ajudante e passei a ser "pintor".
Nessas idas e vindas a profissão de pintor se prolongou por mais de dez anos.
Além, do trabalho, agora eu buscava voltar aos estudos que tinha sido interrompido lá atrás.
Então fiz o curso de admissão.
Na sequência o colégio comercial.
A formação de técnico contábil.
O curso de datilografia.
O serviço militar no Tiro de Guerra.
Nossa!!!
E o tempo passou .
Eu já contava com meus vinte anos.
Não!
Com certeza eu se pudesse voltar no tempo neste período eu não mudaria nada.
Um período rico em aprendizagem, experiência, formação escolar e preparação para o que viria a seguir.
E aquele trem me traria um dia para a Cidade Grande...