31 de março de 1964 nada a comemorar
Eu tinha iniciado o curso primário.
No Grupo Escolar Avamor Berlanga Mugnai, na cidade de Pacaembu.
Eu já contava com meus oito anos de idade.
Em idade suficiente para lembrar bem o que foi aquele dia.
Algumas coisas ainda recordo bem.
O rádio a pilha lá de casa, provavelmente um "Rádio ABC a voz de ouro, noticiava sem parar os fatos políticos sempre através do "Repórter ESSO" isto até abril de 1964.
No meu grupo escolar, professores, diretores e funcionários comentavam sobre os fatos daquela manhã daquele dia.
Alguém citava que era o início de uma guerra.
Outros comentavam que o "comunismo" estava invadindo o Brasil.
E claro, todas as pessoas tinham medo por desconhecerem seu significado.
O que lembro é que havia uma onda de muito medo naquela pequena cidade.
Só mais tarde a história iria dizer realmente que aconteceu um golpe.
Um golpe que interrompeu a legalidade democrática.
O poder a partir desta data estava agora sob o comando dos militares.
O pretexto atribuído para isto fora uma suposta "ameaça comunista" que pairava sobre o país.
E isto foi sustentado inclusive com o apoio internacional,
sociedade civil brasileira,
imprensa brasileira
e empresários brasileiros.
Foram anos obscuros que vigorou de 31 de março de 1964 até 15 de março de1985.
Foram mais de vinte anos de Regime militar.
De uma linha dura.
De muita censura aos meios de comunicação.
Foram anos de chumbos.
De Autoritarismo.
De Repressão a todos e quaisquer movimentos sociais
e manifestação politicas de oposição.
João Goulart, eleito democraticamente, reconheceu que naquele clima de instabilidade politica, seria impossível se opor as forças armadas e seguiu para o exilio.
Foi um 31 de março com nada a ser comemorado.
Os livros de história, estão ai aos milhares para contar suas versões do que foi aquele dia 31 de março.
De uma coisa eu tenho a certeza aquele dia foi apenas o inicio de um longo período de mudanças internas e o uso de violência marcando aquele 31 de março...