As estepes de Candelária: os três inimigos

AS ESTEPES DE CANDELÁRIA

 

Miguel Carqueija

 

 

INTRODUÇÃO

 

OS TRÊS INIMIGOS

 

 

Havia muita gente na lanchonete, mas Erasmo Pitigrili conseguira uma mesa vazia e matava o tempo mastigando uns tira-gostos e bebericando cerveja. Não era das melhores aquela bebida, mas dava para quebrar o galho.

Erasmo, de expressão fechada em sua cara quadrada, pensava na vida. Viera a pouco do reino élfico ao norte, onde gozara umas férias longamente adiadas. Lá não havia perigo de que o contratassem. Afinal, elfos nunca contratam assassinos profissionais,

Erasmo os achava enfadonhos e moralistas. No geral preferia a companhia dos humanos, ou até dos anões, mais propensos à violência que os elfos.

Agora conseguira um novo contrato, bastante valioso, e se preparava para cumpri-lo. Não havia pressa, pois sabia onde se encontrava a vítima.

Ao espetar uns torresmos com o garfo, notou que alguém se acercava. Uma garota de cabelos negros, esbelta, segurou o espaldar da cadeira à sua frente:

— Me dá licença?

— É claro — murmurou ele, contrariado. Mas procurou fingir educação. Matadores, por solitários e emburrados que sejam, também procuram não chamar atenção; não era bom se mostrar de todo insociável.

A garota sentou, sorridente, e pegou o cardápio.

— Quanta gente aqui hoje! E no entanto essa é uma lanchonete de estrada!

— O Vale Marrom fica logo ali — respondeu ele.

— É, eu fiz uma longa viagem. Essa estrada é muito monótona e desolada. Só estepe e mais estepe, em todas as direções...

Erasmo não gostava muito de ficar discutindo sobre o meio ambiente, e fez apenas “hum!”. Felizmente a garçonete veio dar atenção à menina, que pediu um refresco e paezinhos de queijo.

Erasmo lembrou-se de olhar o jornal amarfanhado que trazia em sua mochila. Deu uma rápida olhada e uma notícia chamou a sua atenção:

“Rigolin, o célebre policial livre, encontra-se em Mauriciânia.”

“O célebre Inspetor Rigolin, o mais conhecido Policial Livre de Candelária, chegou a Cristalius e não quis falar à imprensa quais as verdadeiras razões de sua presença. Os foras-da-lei, porém, com certeza estão tremendo pela base. Comenta-se a boca pequena que Killer, o misterioso e perverso matador profissional, atravessou a fronteira da Terra Verde e estaria sendo procurado por Rigolin. Outros boatos falam da possível presença de Longo Bacamarte, o pirata, já que o seu brigue teria sido avistado em nossas águas. Outra possibilidade é que Rigolin tenha vindo caçar a justiceira mascarada conhecida como a Guardiã da Noite, que ultimamente vem sendo avistada em nossa província.”

Quando já ia guardar o periódico, a garota dirigiu-se a ele:

— Perdão, posso olhar um instante?

Ele detestava obsequiar os outros, mas passou-lhe o jornal. A garota espiou interessada as notícias e comentou:

— Puxa! Será que vamos ser atacados por piratas? O Longo Bacamarte está em nossas águas!

Killer achou graça. O exótico sempre chamava mais atenção. Aquela garota infantil antes se preocupava com um vago e distante pirata, que com um matador que andava em terra firme e podia achar-se muito próximo. De fato, ela nem imaginava quanto! Mas, por sorte da garota, ela não era a vítima contratada.

Ao devolver o jornal, ela falou:

— Muito obrigada, senhor... qual é mesmo o seu nome?

— Erasmo (ele não tinha razão para ocultar o próprio nome).

— Bem, obrigada. Eu sou Débora Reis. Diga-me, o senhor sabe como eu chego ao Museu Imperial de Vale Marrom?

A questão era tipicamente desinteressante para Killer, que deu de ombros:

— Não sei dizer, mas Vale Marrom tem uma legião de cicerones baratos que vivem assediando os turistas. Eles certamente sabem.

— Oh, muito grata! Procurarei um deles, com certeza!

Ela pagou a despesa e se foi, dando um alegre “tchau” para o outro.

“Menina boba”, pensou Killer, concentrando seus esforços nos tremoços.

Procurou então recapitular a sua missão criminosa. Seu alvo era Judite Ismênia, diretora de uma escola, mandada matar pelo próprio marido, dela separado há anos. Killer sabia mais ou menos os motivos: a pensão alimentar por causa das crianças. Com a morte da esposa o sujeito recuperaria a tutela dos filhos e não teria mais que pagar a pensão; provavelmente internaria todo mundo.

Killer não trataria assim a própria família, se tivesse uma. A coisa toda era uma tremenda canalhice. Mas, pensava Killer, ele era apenas um matador profissional, só lhe interessava cumprir o seu dever.

Estudara minuciosamente o mapa da cidade e sabia que o colégio dirigido por Judite ficava na margem do Rio Mexerica.

Ao sair, Pitigrili buscou o serviço de carruagem. Não trouxera nenhum cavalo, mas pretendia comprar um na cidade. Por um instante observou uns goblins caminhando pesadamente, e foi com verdadeiro enfado que os mirou. Achava-os decididamente desinteressantes. Erasmo não se interessava, via de regra, por seres não-humanos.

Não viu sinal da garota abelhuda.

 

 

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Enquanto isso, Judite pensava na organização da Festa do Equinócio que se aproximava. Em seu gabinete, examinava provas de alunos sem conseguir se concentrar muito nelas. A festa dominava o seu pensamento: incomodava-a saber que só podia contar com um orçamento apertado. Precisava convencer os pais dos alunos a contribuir...

Era uma mulher meio sem atrativos, portando grossos óculos e já a caminho da velhice. E também era uma mulher comum, que daria tudo para não atravessar problemas de família. Lamentava ter se unido a um homem tão tredo e canalha, ela uma respeitável educadora. Mas jamais teria imaginado até onde ele chegaria...

 

 

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Pitigrili não teve dificuldade em entrar no educandário. Era o tipo de lugar onde as pessoas entravam e saíam à vontade, sem serem notadas. Claro, havia um limite; em certas salas só se poderia penetrar com autorização. O matador, porém, encontrou uma situação excepcionalmente favorável.

Localizou a sua encomenda na grande varanda que dava para o caudaloso Rio Mexerica, que chegava naquele trecho a ser quase um rápido. Daí a mureta alta, gradeada, para evitar quedas fatais.

Seria fácil, para um homem da força física de Killer, atirar uma pessoa leve por sobre a mureta; mas ele fazia questão de matar a espada.

Passando pelo corredor ladrilhado, Killer contemplou a imensa vidraça que o separava do pátio lajeado, onde algumas crianças brincavam supervisionadas por duas inspetoras. Judite Ismênia, aparentemente gozando alguns minutos livres, encontrava-se numa espreguiçadeira, lendo um livro.

Erasmo achou a porta, abriu-a e passou para a varanda. Uma das inspetoras, nesse ponto, achou que convinha intervir:

— Deseja alguma coisa?

— Sim, mas não é com você. Afaste-se!

Assim dizendo, Killer abriu o casacão de sarja e fez aparecer a espada até então oculta em sua pesada roupa.

— Mas o que...?

As crianças gritaram e as inspetoras disseram para que fugissem. Judite já percebera o intruso e ergueu-se com o livro fechado:

— O que você quer?

— Judite Ismênia, com certeza.

— Sim, mas...

— Eu vim matá-la.

Ela recuou, empalidecendo visivelmente. Tentou gritar, mas as cordas vocais recusaram-lhe auxílio.

O Matador avançou. As garotas inspetoras haviam fugido para pedir ajuda. Judite foi recuando e o assassino avançando.

— Por que? O que eu fiz?

— A mim, não fez nada. Fez a quem me contratou.

— Meu marido! Ele desceu a tanto? Não faça isso! Eu tenho os meus filhos...

Ele ergueu a espada.

— Só lamento. Isso não me diz respeito.

Ela recuou com mais precipitação; nisso, porém, tropeçou num trapézio de madeira, utilizado nos jogos infantis, e caiu sentada. Killer avançou e ela, num gesto de desespero, atirou-lhe o livro à cara, acertando-lhe o nariz. O golpe inesperado arrancou algumas lágrimas ao assassino.

— Agora você me irritou — disse ele, escandindo as sílabas. — Não que isso faça agora muita diferença.

Ele chutou o brinquedo geométrico. Judite agora recuava arrastando-se, mesmo, pelo chão.

— Não, pelo amor de Deus, não me mate!

Em dois pulos ele a alcançou e armou o golpe.

Houve um tremendo barulho de vidro quebrado e cacos voaram ao redor de Killer, um deles arranhando sua mão esquerda. Espantado, ele olhou na direção da vidraça. Lá estava uma aparição incomum, uma garota de capa e máscara, portando um florete.

— Pare, seu miserável! Não toque nessa mulher!

— E quem é você para me dizer isso, posso saber?

— Não sabe quem eu sou, Killer? Tem certeza disso?

— É claro que eu sei! Você só pode ser a Guardiã da Noite!

Ela sorriu ao responder:

— Tem toda a razão. Eu tenho um profundo desprezo por matadores como você, Killer. Está querendo matar uma mulher? Pois tente matar a mim!

Nesse ponto outras pessoas, alertadas, estavam aparecendo — para não fazerem nada, pois sentiam-se diante de um combate de titãs.

Killer estava furioso. Não gostava de ser interrompido ou desafiado, e sabia também que não tinha tempo a perder. A polícia poderia aparecer a qualquer momento. Ele atacou a sua desafiadora em silêncio, pois nessa hora não lhe agradava falar; concentrava-se em matar.

A Guardiã da Noite enfrentou-o com a galhardia de uma grande espadachim. Durante vários minutos os dois oponentes trocaram golpes e mais golpes, com grande habilidade. A contragosto Erasmo Pitigrili reconheceu que a adversária era tão boa quanto ele, em perícia na arte da espada. Só que Killer utilizava uma comprida adaga, e a jovem empunhava um florete.

O Matador sorriu, porém. Já passara por situações daquele tipo antes, e sempre vencera graças ao seu fôlego, à sua resistência. Ele sabia que a Guardiã da Noite podia ser-lhe equivalente em perícia técnica, mas não em capacidade pulmonar. Ele a venceria pelo cansaço: já vislumbrava gotas de suor no rosto da garota. Um pouco mais, e ela já não poderia sustentar a disputa.

Foi nesse momento que algo distraiu a atenção de Killer. Um ruído — os seus ouvidos eram super-aguçados! Ele percebeu que a sua vítima se erguera e ia fugir. Killer deu um grande salto para cercá-la; em pânico, Judite correu para se afastar do bandido e esbarrou na mureta. Alarmado, Killer avançou e a professora, apavorada, fez o que ele não teve tempo de evitar; jogou-se no rio...

E nesses poucos segundos Killer abrira a guarda! Ao se voltar para a adversária, era tarde demais: a Guardião da Noite enterrou profundamente o florete em seu braço esquerdo, atravessando o seu músculo pronador e o supinador. Killer não gritou: décadas de treinamento deram-lhe total controle sobre a dor. A garota puxou o florete de volta; com expressão sinistra Killer avançou, mas para sua decepção a mulher não o enfrentou; passando longe dele, galgou a amurada e pulou também nas águas revoltas.

Incrédulo, Killer ainda teve a visão das duas no rio, já bem adiante, e logo sumiram numa curva; então, pensou Pitigrili, para a justiceira era mais importante salvar uma vítima que matar um inimigo? Aí estava uma grande fraqueza que ele, Killer, algum dia poderia aproveitar.

Pingando sangue, o braço esquerdo temporariamente inutilizado, Killer apressou-se em escapar, diante de olhares perplexos e amedrontados.

O assassino sabia que pessoas comuns não tentariam detê-lo. Passou por dezenas de cidadãos amedrontados. Pegou seu cavalo temporariamente deixado no estábulo que o vendera e tratou de escafeder-se, mas sem perder a calma. Ele sempre tivera sangue frio.

Ao se afastar, Killer refletiu no que restava do seu contrato. Seguiu ao longo do rio, na vaga esperança de localizar a fugitiva. Talvez as duas se houvessem afogado, pensou. Se comprovasse tal caso, poderia ainda reclamar o pagamento. Ele percebera, porém, que a justiceira era exímia nadadora; tudo indicava que teria salvo Judite.

Resmungando um palavrão, Killer considerou o caso perdido. Se Judite estivesse viva, não seria prudente tentar de novo tão cedo. Afinal, o odioso Rigolin andava por perto com os seus esbirros, e se soubesse do atentado em Vale Marrom, não tardaria em aparecer.

E sem um resultado positivo, repugnava a Killer comparecer diante do contratante só para confessar o fracasso. Resolveu ir embora sem mais delongas, abandonando o assunto.

Maldita Guardiã da Noite! Por sua causa ele, o terrível Killer, perdera um contrato, pela primeira vez em muitos anos!

“Ela me pagará algum dia”, pensou Killer, esporeando sua montaria.

 

 

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Horas depois chegou Rigolin, acompanhado por três homens, um anão e uma mulher. Ele sempre andava acompanhado por um séquito.

Judite havia retornado e, diante de um colégio em polvorosa e da impassibilidade do Rigolin, contara uma história assombrosa. Como a vigilante mascarada, depois de salvá-la do exterminador, pulara no rio em seu socorro e, após muita luta contra a poderosa correnteza, a retirara meio morta para a margem. Judite estava desfalecida, mas aos poucos adquiriu a noção de estar sendo transportada nos braços de uma mulher, que alcançou um cavalo pedrês. O animal se abaixou e a salvadora a depôs na sela, montou e tocou a montaria. Seguiram muito devagar, aparentemente porque a Guardiã da Noite queria evitar o risco de Judite cair.

Quando Judite se sentiu melhor, a Guardiã procurou uma dupla de guardas que patrulhavam uma das vias de entrada na cidade e deixou-a descer:

— Peça a eles escolta para voltar. Eu acho que o matador está longe, mas não se arrisque. Ah, e arranje uns bons cães de guarda para você. Um bom alão, que não ataca as crianças mas voa em cima de qualquer agressor...

— É uma boa idéia.

— Killer não deve mais incomodá-la, pois o Rigolin com certeza virá para cá e vai passar o Vale Marrom a pente fino. Por isso eu também tenho que ir. Mas estou com o endereço do seu marido e cuidarei para que ele não te incomode mais.

— Não se arrisque mais por mim, por favor... eu nunca vou poder te agradecer o suficiente...

Judite procurou e achou umas moedas num dos bolsos.

— É tudo o que posso lhe dar, não vai me fazer falta, mas queria te dar uma recompensa maior! Mas não estou com mais dinheiro aqui...

— Eu aceito, Judite, porque preciso de algum dinheiro, mas não é por isso que te salvei. Eu detesto matadores e contratadores! Foi pela justiça!

— Eu sei.

— Os esbirros já nos viram, estão vindo para cá. Tenho que ir, amiga. Te cuida!

— Vá com Deus, Guardiã. E mais uma vez obrigada!

 

 

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E agora, diante de Rigolin, Judite reconstituía o ocorrido.

Rigolin era um homem impressionante. Alto, empenado, dono de um vasto bigode picarço, costumava andar com um casacão de grandes bolsos, e sua atitude comum — por exemplo, quando interrogava — era manter a mão direita no cabo da espada montante embainhada, e a mão esquerda virada nas costas — uma atitude rígida e implacável, agravada pelo olhar penetrante.

— Infelizmente cheguei tarde — observou ele, sombriamente. — mas um dia chegarei cedo o bastante para pegar os dois!

— Senhor... — balbuciou Judite — a moça me salvou do assassino...

— Ninguém pode tomar a Justiça em suas mãos. Ela é uma criminosa, que zomba das autoridades constituídas. Mas não se preocupe. Ela terá direito a um julgamento justo, antes de ser enforcada.

“Não se Deus a proteger”, pensou Judite.

Rigolin voltou-se para Frodo, seu assistente:

— O que você acha? Os dois já devem estar bem longe, não é?

— Tem razão, Senhor Rigolin.

— Fui chamado muito tardiamente, não e?

— O senhor está certo, Senhor Rigolin. Se tivessem chamado mais cedo...

— Bem. Não vale a pena demorar mais aqui. Delegado Zig, o senhor certamente dará proteção a esta mulher, eu presumo.

— Mas nem tem dúvida, Inspetor Rigolin — respondeu o delegado local.

— Bom. Pessoal, vamos embora.

Rigolin gozava de uma grande e antiga fama de caçador de criminosos. Por sua ação, centenas já haviam sido jogados às masmorras ou conduzidos ao patíbulo. Entretanto, nos últimos tempos uma crescente obsessão vinha dominando o seu espírito, em verdadeira monomania: a idéia recorrente de capturar três foras-da-lei muito especiais. Um deles era Killer, o Matador, perverso e perigosíssimo assassino de aluguel, cuja fama já rivalizava com a do próprio Rigolin. A outra era a misteriosa e escorregadia justiceira mascarada conhecida como a Guardiã da Noite, que, por onde passava, zombava da polícia e da justiça e tratava os criminosos do seu jeito. E, finalmente, Rigolin queria por as mãos no lendário pirata Longo Bacamarte. Esse, porém, era um caso especialmente difícil. Rigolin enjoava em navios e jamais perseguiria o bucaneiro pelos mares. Seria preciso esperar uma oportunidade improvável, estar por perto quando o Longo Bacamarte descesse em terra firme...

 

 

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Poucas léguas ao sul, na noite que caía, uma amazona mascarada cavalgava por uma estrada deserta. Sob a luz do quarto crescente ela retirou do selim um curioso objeto semelhante a uma chapa de plástico dotada de botões que faziam mover uns bastõezinhos internos visíveis pela transparência.

A Guardiã da Noite removeu a capa e a máscara e, aplicando o objeto ao pescoço do cavalo, prendendo-o por baixo da crina, executou um fenômeno espantoso de cromotecnia.

O cavalo pedrês tornou-se zebruno.

Rindo alegremente, a cavaleira seguiu o seu caminho.

 

 

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Uma jovem esbelta e sorridente, de cabelos negros, tomava um chocolate quente com torradas, no restaurante à beira da estrada.

As últimas notícias davam conta de que o temível Rigolin encontrava-se em Vale Marrom, esquadrinhando a cidade. A marinha aprestava navios para dar caça ao Longo Bacamarte, cujo “Renegado” fôra visto aproximando-se das Ilhas Borboletas. O terrível criminoso Killer escapara ao cerco, desafiando mais uma vez as autoridades constituídas... contudo, sofrera uma derrota técnica num confronto com outra discutida figura, a intrépida Guardiã da Noite...

“Eu o encontrarei novamente”, pensou ela. “Algum dia, Killer, terminaremos a nossa luta.”

Seu pensamento passou, então, para a odiosa figura de Rigolin, que caçava a ambos. Um homem perverso e mau, a quem ela desprezava profundamente.

Em relação ao Longo Bacamarte, porém, ela não sentia animosidade. As histórias que corriam sobre o bucaneiro eram românticas e interessantes. Mas ele estava fora daquela equação: dispondo do oceano inteiro, não seria tolo de se arriscar na jurisdição do implacável Rigolin.

“Fique fora do meu caminho, Rigolin, que eu ficarei fora do seu. Deixe que eu cuido de Killer.”

Assim ela pensava, ao sair do restaurante e montar em seu cavalo.

— Vamos, Rubi. Temos uma longa estrada pela frente.

Débora Reis, a Guardiã da Noite, prosseguiu em sua cavalgada, rumo a um perigoso porvir...

 

 

(imagem pinterest)

 

NOTA: a personagem Débora Reis, a Guardiã da Noite, aparece no romance "As aventuras do Longo Bacamarte", assim como o Inspetor Rigolin:

https://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5984718