O Sabiá e a roseira
Ele quis voar, mas eles disseram que ainda não era o tempo!
Ele quisera voar, mas eles afirmaram que ainda era pequeno!
Ele quer voar, mas eles anunciaram a guerra!
Um dia um Sabiá se apaixonou pelos encantos de uma linda roseira, mas ele não poderia tê-la, como pousaria seus pequenos pezinhos sobre ela se não podia alcançá-la? Meu passarinho solitário, voara um dia, porém menosprezaram seu voo, cortaram suas asas, apagaram suas cores, abafaram seu canto de socorro, esqueceram sua história e destruíram sua espécie. Prenderam-no em uma gaiola, vazia, fria e funesta. Ah, passarinho sem liberdade, não poderás sentir mais o vento em suas delicadas peninhas, não terás o lindo céu para compor seu espetáculo e sequer conseguirá beijar linda rosa que brilha-te seus pequenos olhinhos.
Da gaiola contempla a roseira, durante o dia silencia seu canto para que não confundem com alegria, na noite ecoa seu choro para que a tristeza se confunda com a beleza, as estrelas testemunham mágica cena e abrem o caminho para que a lua abrace os pobrezinhos. Ah, meu passarinho, seu eu pudesse te libertaria, queria te ver voar em grande alegria e consumaria seu amor por aquela que te acaricia.
O Sabiá estava doente, suas penas caíam, seus pezinhos enfraqueciam, nem fome e sede sentia, a única coisa que pertencia era o seu amor pela linda roseira do jardim daquele que o aprendia. A chance que tinha de chegar mais perto de linda flor, era de seus galhos e espinhos, mas era também a esperança que um dia voaria. Sentia o aroma mais doce que penetrava seu olfato, entre o vão da gaiola se enfiava, espremia e tentava fugir da prisão e da solidão, porém mais uma vez não conseguia. Por fim, desistia!
Ah, meu passarinho, eu daria a minha liberdade pela a sua, naquela tarde fria e nublada, enlouquecera, via em meus galhos e espinhos a esperança de mais uma vez fugir daquelas amarras. Foi quando despedacei! Quando senti pela primeira vez o seu calor, a gota de seu sangue jorrava em mim, seu coraçãozinho pulsava em meu espinho, tão quentinho, úmido e vivo, escutava seu sussurro e o via cair em duro chão cortante.
Os ventos vieram te buscar, minhas lágrimas secaram minhas folhas, como eu poderei viver sem minha linda vista? Não sou mais bela, minhas rosas murcharam, como terei beleza se não te tenho mais aqui? Ah, meu passarinho, eras tu o motivo de meu floreio, porque a minha exuberância existia para que tu pudesses ser feliz!
Ah, meu passarinho, se eu pudesse te daria a liberdade e o amor que tanto queria!
Jorge Barbosa
06/09/2021 às 02h35min.