Recordações de Baobá

Lembro da minha infância quando brincávamos em torno da árvore sagrada baobá. Sua sombra nos acolhia nas brincadeiras de menino.

Os pés e as mãos sujas de barro era o sabor do regresso à África ancestral, ouvíamos os pássaros cantando em perfeita sinfonia e recordara no íntimo a força dos atabaques. Naquele tempo o que importava mesmo era ser feliz brincando embaixo de um baobá.

Quando a noite caía era chegada hora de irmos para nossas casas, então a árvore instintivamente se recolhia toda para dormir e nós crianças esperançosas, desejávamos que a noite virasse dia o quanto antes.

Curiosamente o Baobá aprendeu a falar com as crianças e sua voz soara como o de uma velhinha, logo, sabíamos que aquele Baobá se tratara de uma árvore muito antiga que viera nas grandes embarcações da África para o Brasil.

Quando a vovó nos contava suas histórias da travessia para o Brasil, de quando era princesa em uma tribo e possuía poderes mágicos, que havia guerreado com seus irmãos em uma batalha severa e que fora encantada em uma árvore ao morrer, ficávamos todos em silêncio profundo.

A sabedoria de Baobá era tamanha que nem mesmo a morte pudera vencê-la, fizera um encantamento ao morrer para que seu espírito fosse transferido para uma árvore e assim pudesse concluir a sua jornada.

Ao regressarmos do mundo de Baobá, voltávamos as brincadeiras de erê e ela maternalmente nos acolhia em volta de seu tronco.