NA HORA CERTA, NO LUGAR ERRADO

Você que ora está lendo este texto já viu a expressão: fulano estava no lugar errado na hora errada? Comumente se ouve tal expressão quando ocorre um acidente, quando ocorre uma confusão, ou um desentendimento e alguém que nada tem a ver com o ocorrido torna-se a principal vítima do caso.

O que aqui vamos narrar aconteceu de fato e de direito com um casal de jovens, cujas identidades nos omitimos de registrar, porque não o conhecemos e mesmo que conhecêssemos também, não registraríamos, a menos que nos dessem autorização, mesmo assim aconselharíamos manter o caso no anonimato. Porém, é um fato real, um fato verídico que pode nas entrelinhas até nos trazer boas lições.

Quem nos contou o fato foi uma pessoa de grande credibilidade, que inclusive conheceu um dos personagens dessa história, que lhe contou tudo o que aconteceu.

Muitos anos atrás, esse moço, bem jovem ainda, visitando uma cidade importante do Estado de Santa Catarina, que distava da cidade onde morava, pouco mais de cinquenta quilômetros. Encontrou nessa cidade uma bonita jovem que pela qual se apaixonara completamente e aquela bonita jovem também por ele se apaixonou. Naquele tempo, não obstante a pouca distância entre as duas cidades, as estradas eram precária e o sistema de transporte, praticamente não existia, de forma que, não era fácil os dois se encontrarem.

Talvez num segundo encontro mediram todas as dificuldades que existiam para os dois se encontrarem com frequência, sem muita discussão a única alternativa que encontraram, para a realização de seu casamento foi fugirem, ou seja, o rapaz roubaria a moça e consolidava assim o casamento, uma prática bastante comum naquela época.

Combinara então, o dia, o local e a hora em que o rapaz “roubaria” a moço. Acertaram o seguinte: tal dia, às duas horas da manhã, ela apareceria na janela da casa, e ele chegava em um taxi e a levaria.

No dia marcado ele veio em um taxi, conforme o combinado, mas a moça não apareceu na janela. Esperou meia hora, e nada, uma hora, e nada, uma hora e meia, e nada, duas horas, e nada. O taxista, por sua vez, começou a pressioná-lo, dizendo que iria majorar o preço da corrida, ele prontificou-se em pagar o que ele cobrasse. Esperou mais um bom tempo e nada da moça aparecer na janela como fora combinado. Finalmente, o dia já estava amanhecendo e ele desistiu da espera e foi embora, saldando um grande constrangimento, além do prejuízo com o taxi.

A decepção tomou de conta daquele jovem, e teve que curtir essa situação por muito tempo. Desiludido e por não visitar mais a cidade onde a moça morava, perdeu completamente o seu contato, o que levou a encarar essa dura realidade, porém, casou-se com outra jovem, também muito bonita, constituiu sua família e foi viver a vida noutra dimensão.

Muito tempo depois, quando já se aproximava de seus setenta anos, morando inclusive, na bela cidade onde aquela moça morava, encontrava-se num mercado vendendo alguns produtos de sua fabricação; surpreendeu-se com a voz de uma senhora elegante e muito simpática postada à sua frente chamando pelo seu nome. Quando ele a viu quase desmaia, pois reconheceu imediatamente aquela criatura; era justamente a moça com quem ele havia enamorado e combinados em fugirem e se casarem para viverem junto eternamente.

Tão logo reconhecera aquela moça, disse ele: “Você me enganou, combinamos que você me esperasse na janela no dia e hora marcada e não apareceu, saí daquele lugar revoltado e chateado às cinco horas da manhã e nada de você cumprir o que combinamos”.

Aquela senhora então lhe respondeu: “meu querido, no dia marcado e na hora certa como combinamos, eu estava lá janela lhe esperando, e lá fiquei até as cinco horas da manhã e como você não apareceu, a desilusão tomou conta de mim, por pouco não entrei em depressão, mas vivi momentos que jamais imaginei que passaria por tamanha realidade”.

Ambos estavam certos, no dia certo, na hora certa, porém, estavam no lugar errado. A casa era de esquina, ele esperava a moça numa janela da casa e ele estava noutra janela que dava acesso para a outra rua lhe esperando. Tão perto um do outro, mas em situações diferentes!

Luís Gonçalves
Enviado por Luís Gonçalves em 20/12/2021
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