A estratégia
E lá estávamos nós, no meio da noite, em pleno descampado, encarando uma estalagem fantasmagórica que não deveria estar ali.
- Vamos fazer a vontade do mímico e chegar perto, para que ele nos devore? - Questionou Jaric, mãos na cintura.
- Vamos ter que encarar o desafio, ou ele vai continuar nos seguindo, esperando que façamos alguma besteira - avaliou Shantel. - Se esse mímico gigante tiver por dentro o mesmo grau de detalhamento que os mímicos normais, será mais fácil acertar um ponto vital e destruí-lo.
- Isso supondo que vamos achar um ponto vital antes que ele faça a nossa digestão - Jaric replicou.
- Se vocês tiverem uma sugestão melhor, eu gostaria de ouvir - replicou placidamente Shantel.
- Gosto dessa ideia tanto quanto você, - virei-me para Jaric - mas Shantel tem mais experiência com mímicos do que nós dois somados. Se ela diz que essa é a melhor maneira...
Jaric deixou os braços caírem ao longo do corpo, dando-se por derrotado.
- Está bem, já vi que sou voto vencido. Mas quando estivermos dentro da coisa, qual vai ser a tática?
Shantel abriu sua bolsa de viagem e exibiu um dodecaedro metálico, cada face parecendo ser feita de um tipo de metal diferente, e exibindo runas distintas.
- Hathagola. Podem ser programadas para explodir automaticamente num tempo determinado, caso entrem em contato com uma substância definida pela runa ativada. Como o mímico tem que mudar de estado para digerir suas presas, se fizer isso, vai provocar uma explosão.
Eu e Jaric encaramos com apreensão o artefato.
- Quer dizer que corremos o risco de explodir junto com o mímico? - Questionou Jaric.
- Um mímico sente a presença de uma hathagola ativada, e sabe que se mudar de estado, vai sair machucado. O truque é armar a granada assim que entrarmos nele; o mímico não terá como nos impedir.
O único problema com a linha de raciocínio de Shantel, como logo descobrimos, é que aquele mímico não era mímico comum.
- [Continua]
- [20-10-2021]