Todo Gênio é Sacana!

E apareceu ali, do nada, enquanto caminhava pela praia em meio àquela nuvem esfumaçada.

Fiquei pasmo, é claro, vindo à mente se por acaso não seria fruto do calor e da minha imaginação de escritor.

O enorme e corpulento vulto pairou no ar por instantes descendo calmamente, planando, como uma folha suave beijando a areia ainda em uma temperatura agradável.

Não estava tão quente assim, ainda, e a encantadora praia se via deserta sendo que os poucos humanos que podia divisar estavam longe demais para confirmar a minha visão.

Atordoado, vi que o ser monstruoso encarava-me com ar zombeteiro:

- Então, o que tu desejas?

- Você é um gênio? De verdade?

Bocejando, continuou:

- Olha, me chama disso, também, mas sou isso e um pouco mais. A gente pode ir logo direto aos desejos e pular todo o lero-lero ou ficar aqui filosofando eternamente...

Lembrei, então, que as histórias de gênio não terminam bem. Nada vem de graça e cobram um preço alto demais, por vezes, virando o pedido contra o pedinte.

- Por que eu? O que fiz para você aparecer aqui?

- É um tipo de roleta russa. Você passou na hora certa, no momento certo que o portal se abriu e pimba: seu desejo acabou de ser atendido com a minha resposta... Fui! Otário!

Puf!

A forma descomunal sumiu no ar me deixando abestalhado, como sempre. No fundo, sabia que era uma cilada e, ignorando o ocorrido, voltei-me para meu passeio na praia diante das gaivotas, das ondas do mar e da paz de espírito!