Beligerantes serão punidos

Quando Sir Ayland chegou com suas tropas num mirante das montanhas Nebulosas e voltou os olhos para o Vale de Abmere, que acabara de deixar, sentiu um aperto no coração; praticamente tudo, aldeias, plantações, fazendas, estava encoberto pela fumaça dos incêndios. Os residentes que não haviam fugido a tempo, haviam perecido nas chamas.

- Lorde Evered vai pagar! - Jurou, erguendo o punho cerrado para o céu.

Mas pelo mesmo caminho, que levava ao outro lado das montanhas e ao reino inimigo, aproximava-se outra coluna de soldados, com as cores de lorde Evered - e uma bandeira de trégua. Detiveram-se a poucas dezenas de metros da tropa de Ayland, e o porta-bandeira gritou:

- Queremos uma trégua!

Sir Ayland adiantou-se, mão no cabo da espada, e ele e o emissário detiveram-se em seus cavalos entre os dois grupos.

- O que quer o seu senhor? O Vale de Abmere foi completamente destruído!

- O mesmo aconteceu conosco - informou o emissário. - Lorde Evered pede que todas as hostilidades sejam cessadas... precisamos dar assistência aos desabrigados e começar o trabalho de reconstrução, antes que o inverno comece e faça ainda mais vítimas.

- Tudo isso poderia ter sido evitado - retrucou Sir Ayland com amargura.

- Meu senhor reconhece que foi imprudente em iniciar um conflito aberto contra Abmere sem antes esgotar todas as instâncias diplomáticas... ele está disposto a lhes pagar uma indenização razoável em ouro por todos os danos causados.

- Quanta generosidade! - Sir Ayland deu ao emissário um sorriso feroz. - Imagino que não deve ter sido o bom coração de lorde Evered quem ditou estes termos.

- De fato, não - admitiu o emissário.

E, olhando para o céu onde dois dragões revoluteavam, com o sol brilhando em suas escamas de bronze:

- Os dragões alertaram que, caso começássemos outro conflito, não haveria mais reinos pelos quais lutar.

- Diga ao seu senhor que a trégua foi aceita - resignou-se Sir Ayland, retirando a mão do cabo da espada.

- [19-09-2021]