A Princesa Rebelde
- Conta-me uma história! Nem sempre as narrativas me chegam, mas, desta vez, olhei a menina que aguardava uma qualquer história e comecei: era uma vez uma princesa que fugira do Palácio. Todos a procuravam mas muitos se cruzaram com a jovem maltratada e pobremente trajada e não a viram. Ninguém esperava que a filha dilecta do Rei não trajasse à altura da sua estirpe, ninguém concebia uma tão ilustre figura andrajosa, de mãos calejadas e unhas sujas. Voltaram pois ao Palácio com novas de desaparecimento definitivo e de desgraça. E o Rei chorou. - se não forçasse, Majestade, talvez a nossa Filha não tivesse preferido sair da nossa companhia. Em vez de soldados que a atemorizem, fazei-lhe saber que, porque a amais, a respeitareis, atendereis às suas razões e tomareis como lição a sua fuga. E o Rei, desesperado, fez correr pelo reino o recado: - volta, minha Filha, e terás em nós os pais que mereces e escolherás o marido que quiseres. E a princesa, mal vestida e suja, voltou. Não a deixaram entrar, até que sua mãe a viu já pronta para seguir outra vida. As mães, vêem para lá dos defeitos, da roupa, das palavras. As mães, são sempre a porta principal para se entrar.