Contos de Faery: a última patrulha

Os raios de sol, ainda intensos e calorosos, adentravam por entre as copas das árvores da Grande Floresta. Lá embaixo, passando por raízes, folhas e arbustos, seguia uma patrulha da guarda do Reino de Andersen, chefiada pelo sargento Gillian. Caminhando a mais de três horas, o grupo de soldados havia deixado a Vila das Folhas, na margem da floresta, e seguia realizando um pente fino com o objetivo de averiguar sinais da presença de um monstro que amedrontava os moradores da região.

- A gente nunca sabe o quanto essa floresta é grande até estar dentro dela. Estamos caminhando a horas e só o que se vê são árvores até onde a vista alcança – disse um dos soldados.

- Isso é uma floresta, seu idiota. O que esperava ver? Cabanas? - brinca um outro, fazendo os demais companheiros rirem.

- Calados todos vocês – advertiu o sargento Gillian à frente do pelotão – Quanto menos bobagens falarem, mais focados ficarão em prestar atenção no caminho. Ainda faltam mais três horas até as Montanhas Solitárias e não quero ficar esse tempo todo escutando suas piadinhas.

- Será verdade, sargento, essa história dos aldeões sobre os monstros que rondam a região? Até agora me parece tudo calmo – disse um soldado logo atrás do líder.

- Esse é o problema, garoto – falou Gillian – Este lugar está calmo demais.

As agruras do terreno atrasaram o pelotão e eles só chegaram aos contrafortes das Montanhas Solitárias quando o sol já estava se pondo no horizonte, obrigando o grupo a preparar acampamento. Os soldados encontraram uma pequena clareira, prepararam as barracas de dormir e acenderam uma fogueira para se aquecerem.

Gillian e seus homens ficaram um tempo conversando ao redor da fogueira enquanto comiam suas rações de viagem. O frio havia se intensificado, mas o fogo acolhedor confortava seus corpos. E as piadas e histórias contadas enchiam o ar de risadas. Gillian não conseguiu deixar de rir de muitas delas. Mas ruídos estranhos vindos da escuridão da floresta ao redor cessou a alegria de todos. Treinados a agirem com reflexo, os soldados pegaram rapidamente suas espadas e prepararam seus arcos.

O que se seguiu depois foram gritos de dor e tentativas desesperadas de fuga em meio ao caos que se instalou no meio da noite. No final apenas se ouvia o crepitar da fogueira e o bater de enormes asas se afastando da cena de morte.

E para Gillian e seus homens, essa foi a última patrulha.

MiloSantos
Enviado por MiloSantos em 23/08/2021
Código do texto: T7327009
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