O HOMEM QUE PLANTAVA MEDOS
O HOMEM QUE PLANTAVA MEDOS
Floresta Amazônica, Terra dos Brasilis
Agosto de 1512. (quinhentos anos antes da primeira batalha)
No centro da Floresta, os seres mágicos que habitavam e cuidavam de toda flora e fauna, viviam em harmonia com a natureza e protegiam - na dos anseios malignos do homem recém chegado. A Rainha das Aguas, Iara, contemplava a noite deitada em uma robusta vitória régia. Os Mapinguaris rodeavam e protegiam as matas ao lado das Caiporas enquanto uma revoada de Matintas – Perera supervisionavam atentas do alto.
- Noite brilhante, culpa da lua – brincou a Rainha das Águas, investindo em mais um mergulho calmo. Não duraria muito. Seu descanso foi perturbado por uma índia.
- Desculpe atormentar seu descanso, eles estão prendendo o homem branco malvado.
- Não sei se essa alternativa resolverá os problemas. Teremos que nos mudar daqui. Enquanto será liberada uma energia poderosa, desgovernada e imprudente. Sei que quiseram minimizar os danos e chegaram nesse resultado. A Mãe Natureza correrá perigo para todo o sempre. Avisem todos que estamos de mudança e deixem um de cada espécie. Devemos ir até a árvore em Tuparí-Mondé.
- Qual a certeza de que lá será um lugar seguro? – perguntou a índia.
- Não será. Vamos aguardar o momento de lutar, pois o mal sempre encontra uma brecha para nos enfraquecer – disse Iara, tocando a água e cantando bem alto, o som que ecoou pela floresta alcançou todo ser vivo que respirava, e as criaturas entenderam. Ela foi até a beira do rio, saiu da agua e então suas nadadeiras que estavam suspensas viraram um par de pernas e ela passou a caminhar.
Ao ouvir o som de Iara cada criatura já sabia o que responder e viravam um ponto de luz que se apagava em seguida.
Quando chegaram no local denominado Tuparí-Mondé, Iara cumprimentou a árvore solitária. E esta imediatamente se abriu como um portal. E por ela passaram todos que restaram.
Ao chegarem no outro lado os seres que haviam se tornado ponto de luz já os aguardava, seria uma nova moradia A Floresta de Tibaíti.
(Tiba: Lugar) (Buriti – Do Tupi-Guarani: mbur = alimento; iti = árvore alta; = árvore alta de alimento ou de vida.)
O tal lugar era semelhante a Floresta Amazônica. Tinha ligação com a floresta original mas estava abaixo do solo como se fosse a raiz de tudo. Acima dela lugares e povoados se estabeleceriam cada um de acordo com uma história e muitas crenças. Em Tibaíti, criaturas semelhantes aos homens porém em tamanho reduzido protegeriam as criaturas e futuramente despenderiam toda a sua força para conter o mal que chegaria a todo lugar. Neste novo território ao centro um pedaço de terra futuramente se chamaria Torunviti, e ele seria o centro onde os escolhidos habitariam para organizar, preparar e proteger os segredos que não poderiam cair em mãos erradas.
Iara queria mesmo acreditar que tudo estava resolvido, mas da mesma forma que o bem iniciou uma drástica mudança, o mal deu inicio a uma maldição que ninguém poderia conter a não ser aquele que nasceria obtido da coragem e da benevolência, que viajaria pelo tempo, que nasceria da terra: o homem que plantava medos.
500 anos depois...
(...)