Homem em pedaços
Era um homem completo.
Pele cuidada pelo sol a pino.
Mãos calejadas pela enxada.
Braços torneados pelos movimentos.
Movimentos que sustentaram seus vícios.
Vícios que sustentaram seus movimentos.
O homem se sentia a enxada, o sol, o vício, menos o homem.
Até o lago espelhar sua imagem de homem inteiro, completo.
Só então, percebeu todos os completos daquele lago.
Completos pequenos, médios, grandes.
Mas nenhum próximo a seu tamanho.
Não se julgava digno de ser o maior ser do lugar, ao mesmo tempo que sentia aquele como seu lugar de ser.
O foi, desfazendo-se de suas maselas tatuadas nos pequenos formatos do corpo.
Começou pelos joanetes, depois os calos, as cicatrizes da face, os joelhos tortos, a pele queimada, as areolas destruídas, rim comprometido, olhos míopes.
Pequenos pedaços do homem completo, se tornaram pequenos seres de um homem em pedaços.