Caminho Suave
A minha primeira escola era um grupo escolar situado no Bairro Jardim Marajá.
O Grupo Escolar Avamor Berlanga Mugnai que tinha o nome do antigo prefeito da cidade. Uma justa homenagem, pois foi ele quem construiu durante o seu mandato.
O grupo tinha um corredor enorme que ia de um pátio a outro. De um lado as salas de aulas e de outro a direção, secretaria e biblioteca.
No início do corredor ficava o pátio e a cozinha onde era preparada a merenda escolar pela "Dona Zulmira". É oportuno lembrar do Sr. Waldemar e do Sr. Santin que cuidavam da segurança e da organização da escola.
A metodologia de ensino do grupo era tradicional. Era uma escola com normas e regras rígidas a serem seguidas. Não era admitido atrasos de alunos e nem dos professores. E isso o Diretor Sr. Celso, fazia com que todos cumprissem. Era obrigatório á todos os alunos cantarem o Hino Nacional enquanto hasteava a bandeira. O "Regime Militar" pairava no ar! O professor era um sabedor de tudo. Seu principal instrumento de trabalho era o livro. Você lembra do seu primeiro livro escolar? O meu primeiro livro chamava "Caminho Suave".
"Caminho Suave", lembro bem do seu conteúdo. Devo ter lido as lições umas centenas de vezes. Tal qual a "tabuada".
A "tabuada", essa foi a culpada de vários puxões de orelhas que tomei por errar. Na época ninguém sonhava e nem arriscaria a aprovar a "lei das palmadas". O que chamamos hoje de "bulling", naquele tempo era uma brincadeira de crianças. Se bem que os professores em salas de aulas não aprovavam estas brincadeiras.
Lembra que eu já disse que gostava muito de brincar. Custa-me dizer que eu não era tão adiantado na escola.
A "sineta escolar" soava anunciando a hora do recreio. Quem não ficava de "castigo" tinha todo o direito de participar da merenda escolar. Como alguém já disse, a merenda de início era uma caneca de café com leite ou leite com chocolate e bolacha de maizena. No dia da entrega do "primeiro livro" tinha uma festinha regada com refresco de groselha e bolacha. Eu lembro que mais tarde era servido arroz doce e canjica. Ainda não tinha sopa.
Tudo era magia, até o castigo era valorizado, pois incentivava ao aprendizado escolar.
Não sei porque as horas dos dias eram bem definidas pelo apito do trem que chegava ou que partia levando sonhos e grandes emoções...