Nu perante a multidão
Quando vem a madrugada, vagueio por aí. Te busco nos mundo dos sonhos. Na noite passada, fiquei nu em público. Me lavei sem pudor perante uma multidão, que não se importava. Mas tu pedias para eu não fazer isso. Não era necessário.
Mas eu não me sentia digno de estar perante ti daquele jeito. Estava sujo. Ferido. Perdido.
Tu te aproximaste de mim. Me envolveste com uma toalha, depois um cobertor. Cuidou de mim, remediou as feridas, me deu abrigo e comida.
Quando, enfim, eu estava limpo, curado, com as chagas fechadas e voltando a sorrir, disseste para eu seguir meu caminho.
Estou sentado à beira da cama, a mesma cama que repousei quando me acolheste, o leito quente que me confortou na dor.
Já não sei se continuo. Não se se deito pra não mais levantar.
Curaste meu corpo, mas o vazio que deixas na alma dói mais que dor pungente.