Eu já fui bom nisto

Outro dia ao ver meus pais saírem para trabalhar, pais adotivos ficaram olhando através do portão e vi aqueles jovens correndo de um lado para o outro com toda virilidade da juventude na rua suspirou e eu já fui bom nisto.

Veio um flashback na minha mente do tempo quando eu era jovem ainda eu corria atrás delas, e elas corriam atrás de mim, mas os anos foram passando, hoje estou aqui sem dentes e a bendita de minha língua que saiu por causa da falta de dentes.

Hoje sou motivo de risada quando alguém vem nos visitar eles pensam que não vejo eles dando risada de mim.

Mas minha mãe logo me pega e me coloca no colo ela sabe que fico triste, mãe é mãe, nesta hora esqueço até de minha idade esqueço do meu tamanho.

Alegria dura pouco por causa dos meus irmãos que querem colo também, ela me coloca no chão e volto a ser o motivo de chacota de novo, corro para um lado e para o outro tentando chamar a atenção, mas ninguém olha para mim, olham apenas para a minha língua que está do lado de fora de minha boca.

Muitas vezes tenho vontade de voar em cima, mas com esta língua para o lado de fora, eu me machucaria lembro-me do tempo que comia frango e quebrava os ossinhos com os meus dentinhos era moleza, hoje em dia mau, mal consigo comer um mingau.

Vida dura para alguém que chega a minha idade, que tinha toda a força hoje só vivo do passado, namorar, quem vai namorar um velhinho que nem eu, com a língua do lado de fora, quando saio na rua elas olham e diz,lá vem aquele tarado com a língua de fora, não sei o que ele quer, mal consegue levantar a perna para urinar.

No quintal de casa eu e meus irmãos começamos a brincar, o tonto do meu irmão mais novo resolveu apostar, quem consegue correr mais rápido, eu mais tonto ainda grito eu, e começam a dar risada de mim, um deles fala, você aposta e eu digo é claro que sim, então a aposta está feita.

Nós vamos sair correndo quem chegar primeiro é o vencedor, nós não apostamos nada de valor, por que nós não temos nada para apostar, lá vai eu me posicionando junto com meus irmãos mais novos, e o sinal foi dado eles saem numa velocidade em questão de segundo já estão no portão, meia hora depois chega eu com a bendita língua do lado de fora sendo trazido por duas tartarugas que vendo todo o meu sofrimento resolveram me ajudar.

Meus irmãos perto do portão não se agüentavam de tanto rir, eu todo envergonhado fui tomar uma água e agradecer as duas tartarugas muito educadas, e elas disseram para mim, nós só fizemos nossa obrigação sendo escoteiras nós temos que ajudar os idosos.

Aquilo para mim foi como ser atropelado por um carro, sai de cabeça baixa triste, meus irmão acabando de dar risada.

Fui dar uma volta na área, longe dos meus irmãos nesta hora como faz falta o colo de minha mãe o dia não passa, entro em casa olho canto por canto, mas cadê ela só ela que me compreende.

O vizinho me vê triste e começa a me chamar: OH! Baixinho, oh! Baixinho, só porque ele é grande de tanto me encher respondo a ele, o que foi.

Dando risada o vizinho fala comigo, está triste por querer o colo da mamãe, o neném velhinho.

Eu perto dele sou uma pulga, mas mesmo assim eu o enfrentei e que pena você com todo este tamanho não pode ser carregado no colo, mas eu posso morra de inveja seu tonto, já estava de saco cheio e depois sai correndo vai que ele pula o muro sou pequeno, entretanto não sou besta.

Entro em casa vou para o sofá tento dormir, cadê minha mãe que não chega, esqueceram a televisão ligada, a tarde não passa nada de interessante para que eu venha assistir.

Rolo de um lado para o outro até que peguei no sono, comecei a sonhar quando eu era jovem correndo na rua os outros tinham inveja, elas as cachorrinhas gostavam de mim, só por causa do meu tamanho porte físico todo bonitão dentes firmes brilhavam, quando o sol batia neles podia comer qualquer coisa eu era o garanhão da minha rua.

Desperto do meu sono quando escuto o abrir do portão, eram meus pais que já estavam chegando do trabalho, olho para fora já era noite.

Eu saio correndo junto com os meus irmãos até esqueço tudo que se passou durante o dia, ela se abaixa e nos pega no colo beija cada um de nós tem que vê a alegria dela quando nos vê até esqueço que sou um cachorro.

Paulo Pereira

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PAULO PEREIRA
Enviado por PAULO PEREIRA em 11/03/2021
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