Na sombra do dente-de-leão
Tema: A passos largos (conto)
Victória acordou em cima da miosótis, em lençóis azuis cheirosos. Espreguiçou, bocejou e piscou miudinho por causa do sol. Estava num jardim paradisíaco, e foi-se lembrando das últimas cenas até adormecer ali, na pétala da flor. Ah, tinha morrido, com toda certeza. Ao ter essa ideia, sentou-se pra se ver melhor, beliscando-se e falando em voz alta para ouvir a própria voz: - Victóriaaa! Parecia tudo no lugar, a roupa, a voz, exceto aquele jardim maravilhoso; isso estava fora do comum. Porque vinha de terras tão áridas, tinha tanta poeira na pele do coração, que era bom se ventasse para arejar. E aí começou a ventar, uma brisa macia, como deve ser o beijo de Deus. Victória sentiu fome, mas ali pertinho tinha frutas e mel. Lambuzou a boca e os dedos e sentiu-se satisfeita. Começou a explorar o jardim até que encontrou o Victor. Não se conheciam, mas descobriram muitas coisas em comum, tinham muitas afinidades. Sentaram-se na sombra do dente-de-leão e ficaram a conversar. De repente, sentiram uma felicidade indizível, só percebida no brilho do olhar de ambos. Porém, o tempo logo escureceu, o vento que era manso endoidou, o sol escondeu-se de medo das nuvens carregadas de raios e trovões assustadores. A chuva desceu áspera. O jardim começou a ser triturado pela intempérie. Parece que havia passado para dentro da máquina de lavar. Eram eriçadas procelas de flores, folhas, arbusto, árvores e terra! Victória e Victor deram-se as mãos e, a passos largos, pularam para fora do sonho
Tema: A passos largos (conto)
Victória acordou em cima da miosótis, em lençóis azuis cheirosos. Espreguiçou, bocejou e piscou miudinho por causa do sol. Estava num jardim paradisíaco, e foi-se lembrando das últimas cenas até adormecer ali, na pétala da flor. Ah, tinha morrido, com toda certeza. Ao ter essa ideia, sentou-se pra se ver melhor, beliscando-se e falando em voz alta para ouvir a própria voz: - Victóriaaa! Parecia tudo no lugar, a roupa, a voz, exceto aquele jardim maravilhoso; isso estava fora do comum. Porque vinha de terras tão áridas, tinha tanta poeira na pele do coração, que era bom se ventasse para arejar. E aí começou a ventar, uma brisa macia, como deve ser o beijo de Deus. Victória sentiu fome, mas ali pertinho tinha frutas e mel. Lambuzou a boca e os dedos e sentiu-se satisfeita. Começou a explorar o jardim até que encontrou o Victor. Não se conheciam, mas descobriram muitas coisas em comum, tinham muitas afinidades. Sentaram-se na sombra do dente-de-leão e ficaram a conversar. De repente, sentiram uma felicidade indizível, só percebida no brilho do olhar de ambos. Porém, o tempo logo escureceu, o vento que era manso endoidou, o sol escondeu-se de medo das nuvens carregadas de raios e trovões assustadores. A chuva desceu áspera. O jardim começou a ser triturado pela intempérie. Parece que havia passado para dentro da máquina de lavar. Eram eriçadas procelas de flores, folhas, arbusto, árvores e terra! Victória e Victor deram-se as mãos e, a passos largos, pularam para fora do sonho