A Liberdade dos Pássaros
A Liberdade dos Pássaros
Mestre e aluno estavam sentados num banco rústico de madeira, logo abaixo de um imponente carvalho. O dia estava amanhecendo, e o orvalho umidificava o ar e a terra, que exalava o aroma próprio que remete ao característico sossego bucólico de toda pequena vila.
A meditação na alvorada, fazia parte da rotina do velho homem, ocasião na qual, apreciava ouvir o canto dos pássaros, animais que tanto amava.
- Há 42 anos, sento-me aqui para ouvir a cantoria destas aves – diz o ancião, que olhava para a copa de um jacarandá, enquanto era observado pelos olhos atentos de seu aprendiz. - Sei o número de espécies que aqui habitam, o gorjeio característico de cada um, e posso até, identificar certos indivíduos pelas peculiaridades introduzidas em suas algazarras.
E pensar que quase perco esses meus amigos antes de tais tempos, quando começaram a derrubar as árvores das terras cheias de vida, próximas daqui para a construção de novos imobiliários que promoveriam o crescimento da província. Ao saber disto, comecei a plantar árvores e arbustos em minhas propriedades. Atraia as aves com frutos e sementes. Eles vieram, e, começamos um relacionamento desde então. Hoje em dia, a reserva foi ampliada e eles constituíram residência aqui, junto a outros animais.
Devo a minha saúde mental e física a eles – agora, sorrindo como se agradecesse aos pequenos pássaros.
O jovem rapaz que até então ouvia atentamente as palavras do mestre, retrucou:
- Mas se gosta tanto destas aves, porque não as cria em gaiolas, não é mais fácil tê-las mais próximas desta forma?
Pela primeira vez, desde o início da história que contava, o velho sábio parou de olhar para o alto, sempre em contemplação e agora encarava o seu aluno.
- Se as encarcerasse, então passariam a me pertencer por meu egoísmo e não eu a eles, por minha vontade. Assim, estaria violando o que mais prezo nestes pequenos animais, a sua liberdade!
Estando em comunhão com o meio-ambiente, convivo harmonicamente com estes amigos, sem ter uma única gaiola sequer.
20 de julho de 2007
DUKE