N Á U F R A G O
N Á U F R A G O
ILHA PEQUENA, DESERTA,
CATANDO GARRAFAS
E PROCURANDO PAPEL;
PENSANDO SOBRE TUDO,
SÓ ENXERGANDO MAR E CÉU.
NA MÃO, PEQUENO LÁPIS
E VONTADE DE ESCREVER,
O SALVEM-ME, NÃO PRECISO!
NÃO QUERO QUE SAIBAM
ONDE OPTEI VIVER.
VÃO VERSOS PELO MAR,
ALGUÉM HÁ DE ENCONTRAR,
MESMO NUM OCEANO,
EM GARRAFAS NAVEGANDO
QUERENDO O MUNDO MUDAR.
CATADORES SEI QUE HÁ,
SENTIMENTOS NÃO PESAM
E O BELO SABE ESPERAR;
SEGUE RUMO DA DERIVA
SEM SABER ONDE CHEGAR.
LANÇADA A POESIA,
DORMIRÁ ENGARRAFADA
COMO GÊNIO DA LÂMPADA;
SAIRÁ SE ENCONTRADA,
NUM MAGNÍFICO CLARÃO.
O POETA NÁUFRAGO
IMAGINOU ESTA VISÃO,
ESMEROU-SE COM CARINHO,
TENTANDO MOSTRAR SOZINHO:
VERSO TANGE SOLIDÃO.