N Á U F R A G O

           N Á U F R A G O

ILHA PEQUENA, DESERTA,

CATANDO GARRAFAS

E PROCURANDO PAPEL;

PENSANDO SOBRE TUDO,

SÓ ENXERGANDO MAR E CÉU.

NA MÃO, PEQUENO LÁPIS

E VONTADE DE ESCREVER,

O SALVEM-ME, NÃO PRECISO!

NÃO QUERO QUE SAIBAM

ONDE OPTEI VIVER.

VÃO VERSOS PELO MAR,

ALGUÉM HÁ DE ENCONTRAR,

MESMO NUM OCEANO,

EM GARRAFAS NAVEGANDO

QUERENDO O MUNDO MUDAR.

CATADORES SEI QUE HÁ,

SENTIMENTOS NÃO PESAM

E O BELO SABE ESPERAR;

SEGUE RUMO DA DERIVA

SEM SABER ONDE CHEGAR.

LANÇADA A POESIA,

DORMIRÁ ENGARRAFADA

COMO GÊNIO DA LÂMPADA;

SAIRÁ SE ENCONTRADA,

NUM MAGNÍFICO CLARÃO.

O POETA NÁUFRAGO

IMAGINOU ESTA VISÃO,

ESMEROU-SE COM CARINHO,

TENTANDO MOSTRAR SOZINHO:

VERSO TANGE SOLIDÃO.

AMN DIDO
Enviado por AMN DIDO em 21/11/2020
Código do texto: T7117075
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