O Cantador e Dois Tios
Um dia é da caça e não do caçador. Na noite fria de inverno, um cupim-cego me picou. Senhor! Pisei no cascavel ou num jaracuçu... Maluco, pulei nas costas da porca do caipora, e, desembestado, saí pra casa feito uma bala, ou um mulo!
Naquela escuridão, ouvi Xangai dizer em Puluxia: "Levanta Imburana! A manhã lá chegô a besta ruana. Na istrada formô a tropa incantada do patrão-Sinhô"! Entre uma e outras maluquices eu disse: carvão que queima pouco muito suja!
A noitinha, tio Ximbirra pegou seu pé de bode, eu o pandeiro e Mô Cumpade batia no bucho dele, e eu: "Eu quero um ovo de codorna pra comer, o meu problema ele tem que resolver. Um doutor amigo me falou "Pode contar comigo" - Seu Lula!
Duas músicas eu só sabia mal cantar: ovo de codorna e "Vadeia gente até o sol raiá! Já mataram o Curisco e baliaram o Dandá" - Gerson Filho! E tome xote... Até às cinco horas, com o bocejar da mãe-da-lua e, o ronco do caititu!
Aparentando um Canguçu, após beber um oito de pau-de-urubu, ouvi do tio Antônio Palmeira: "dentro deu quebrou uma coisa! E ela assim me respondeu: "caiu tudo dento deu""! E, pra encerrar a fantasia, o velho bebeu mais duas doses de Pitú!
No romper da aurora, peguei a bate bucha e fui atrás d'uns jacus... Atordoado, atirei num jaburu-moleque, acertando uma curuja! Da mata, fugi a pé pro outro lado d'um rio, olhar as arapucas. Do reino dos animais, o ser humano é o único burro!
M Macêdo.'.