O HOMEM NO SOFÀ.
Clara, entra em casa após o dia de trabalho e encontra um estranho sentado no seu sofá. Ela olha desconfiada. Ele parece bem à vontade lendo o jornal da tarde, com os pés em cima da mesa do centro.
Clara não sabe bem o que fazer, pois o homem não parece ser um assaltante. Chega a pensar que entrou no apartamento errado, mas se assegura que está na sua casa.
Para completar homem a cumprimenta com intimidade. O que a deixa mais incomodada. Ele a chama pelo nome. Pergunta sobre seu dia. Ela percebe que são conhecidos, mas não consegue lembrar de onde.
A angústia toma conta de Clara que sai de casa correndo, entra no carro e vai ao seu lugar preferido na praia. Estaciona e de repente as lágrimas começam descer sobre a sua face. Um pranto incontrolável sacode seu corpo, enquanto a memória vai voltando aos poucos.
A dor é tão forte que ela mal consegue respirar, mas vai entendendo aos poucos o que estava acontecendo. Naquele dia ela havia descoberto que o homem que ela amara e admirara por tantos anos não existia.
Ela amara um homem honesto, carinhoso e de sentimentos nobres, porém descobrira que o homem era um impostor. Clara havia descoberto que vinha dormindo, amando e trocando carinhos com alguém que mentia e manipulava as pessoas, inclusive ela.
A descoberta fez disparar um mecanismo de defesa e Clara não reconheceu seu marido quando entrou em casa há poucos minutos. Agora entendera tudo. Não voltaria para casa naquela noite; talvez nunca mais voltasse.