O revés da injustiça - Parte um

Num mundo de magia, tudo era encantado, místico. O céu, pela manhã, tinha cor violeta, à noite azul prussiano era a cor; enfeitado de astros cintilantes em vermelho, rubizinhos no céu.

No grandioso jardim de girassóis do palácio da rainha, Layl, o filho da matriarca passeava por entre as flores, sempre foi sozinho, não tinha pai, pois ele havia morrido quando o garoto ainda era bebê, também não podia dizer que tinha um mãe de verdade, porque a rainha, sua genitora, nunca o quis, o motivo era que naquele reino só podiam governar mulheres, como a rainha queria dar continuidade à sua dinastia, precisaria de uma filha, mas teve um homem. Em razão disto, sempre odiou seu filho, tentou até matar-lo, porém o pai não permitiu, ameaçando a tirana que contaria para a população a maldade.

Então, por conta disto, numa noite de festa, ela pôs um líquido encantado na bebida do marido, que o faria dormir por cem anos, quando ele adormeceu, todos acharam que havia morrido, tentaram de tudo para acordá-lo, sem sucesso, constataram como morto e enterraram-o vivo.

Nisso, a rainha, almejando a perpetuação de sua dinastia, sequestrou uma bebê e escondeu de todos, enquanto, por meses não apareceu em público e nem saiu de seus aposentos. Quando passou os meses necessários, mandou avisar ao povo que havia engravidado do falecido marido antes de sua morte e que era uma menina. Uma alegria aos fiéis suditos, mas dissabor para os poucos opositores, que enxergavam as mazelas do governo.

O tempo foi passando, a majestade envelhecendo, sua "filha" crescendo e, o verdadeiro filho, Layl, foi virando rapaz, sendo esquecido e maltratado pela mãe. Quem cuidou dele foi a cozinheira do palácio, uma doce senhora, que teve piedade e alimemtava o menino que passava fome, pois sua mãe não lhe dava comida.

Layl, tinha cerca de 19 anos, Walyeth, a garota sequestrada, 18; idade para tornar-se rainha. A menina aprendeu com a mãe muitas coisas, até mesmo as coisas ruins, como a arrogância, ganância. Sempre que via o irmão, vagando pelos salões, o humilhava, era assim que a rainha lhe tinha ensinado. Sempre maltratado, o refúgio do garoto era os grandiosos jardins, com a companhia das encantadoras flores.

Havia uma, em especial, que ele gostava, tinha um caule grosso e dourado, pétalas em anil e em seu centro um espiral multi-cor, que criava vida quando lhe era depositada uma lágrima, era com ela que o menino conversava diariamente.

Houve um dia o qual os opositores do governo se reuniram às escondidas para discutir uma maneira de derrubar a rainha, lançaram um forte feitiço e ela adoeceu, mas adoeceu tanto que não teve outra escolha, teria que passar a coroa para a filha.

Decidiu que seria em seu palacete a cerimônia, que fez questão de ser grandiosa, muito requinte e opulência. Walyeth desfilava com um vestido roxo bem volumoso e com predrarias brilhantes, o cabelo ruivo amarrado em tranças, haviam muitos convidados, a plebe, ao lado de fora, acompanhava com um pouco de dificuldade.

O que causou estranhamento a todos foi a ausência das cinco grandes feiticeiras do país, elas formavam o Conselho Matriarcal da nação, eram mulheres muito respeitadas por todos. A nova rainha tinha então que passar por um ritual onde as cinco senhoras abençoariam a moça para que ela pudesse ser coroada, porém, quando foram dar a bênção, Ina, a deusa daquele povo, alertou as senhoras, que negaram a abençoar a falsa filha. Quando soube a rainha mandou que o seu escudeiro as matasse, assim foi feito.

E seguia a cerimônia, pessoas importantes discursavam, a rainha, estava sentada em local de pouco destaque, queria disfarçar que estava doente, muitos estranhavam a repentina renúncia da rainha, todos achavam que ela ficaria com a coroa até morrer, porém, passou para a dita filha.

O príncipe Layl, assistia de longe o que acontecia, ao lado da cozinheira que lhe amparou por esses anos; ele ficou no local dos funcionários, pois sua mãe tinha vergonha dele e sua irmã não o convidou para a coroação, portanto, mais uma vez, humilhado, via de longe as coisas acontecerem.

O que ele não sabia é que tudo mudaria a partir daquele momento...

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 21/06/2020
Reeditado em 21/06/2020
Código do texto: T6984116
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