O Velho Vestido de Alegria.

Há mil anos, um velho vestido de alegria deixou sua grande cidade e foi vender suas tralhas nas cidades vizinhas. Ao chegar na primeira foi recebido com afeição, foi abraçado, trazido para dentro de uma casa e oferecido um banho. Passou a noite com uma mulher, mas percebeu que ela só queria que os outros vissem que estava com ele. Quando ofereceu suas tralhas para que a mulher comprasse, ela fingiu que não lhe ouviu. Triste, o velho vestido de alegria partiu. Ao chegar na segunda cidade foi agredido. Rasgaram-lhe seu tecido e lhe esbofetearam. Nu estava na noite fria que chegara, caído ao chão tremendo. Uma moça se compadeceu, dando-lhe uma noite para dormir, e costurando o tecido. Dormiu bem, e quando ofereceu suas tralhas, a moça disse que não poderia aceitar nada, que sua vida estava difícil e não tinha como pagar por aquilo. O velho vestido de alegria insistiu mas não obteve sucesso. Triste novamente, deixou-a. Quando em direção da terceira cidade estava, percebeu que sua costura ficara muito mais forte após o reparo do que era antes. Seu tecido agora era muito mais difícil de ser rasgado. Alegrou-se, mas com cautela, não sabendo como lhe receberiam. Chegando, não foi recebido. Estranhou e foi ver o que acontecera. A pessoa que não o foi buscar na estrada estava cuidando de cavalos e porcos, para ajudar sua família. Uma moça que nem sequer o recebeu. Quando o velho vestido de alegria foi em direção à ela, a moça ofereceu um lugar para que dormisse e prontamente se colocou a ajudá-lo nessa jornada, dando-lhe tudo que tinha, pão e água. Ao acordar sozinho às 11 da manhã, foi ver onde a moça estava. Ela não o esperava acordar. Estava conversando com seus pais e irmãos, rindo e comendo, vivendo. O velho vestido de alegria emocionou-se com o que viu. Chorou e partiu em direção à ela para vender sua tralhas. A moça respondeu rapidamente que sim, e aceitou todos os produtos que lhe foram oferecidos. Seu pai a interrompeu perguntando como iria pagar por tudo aquilo. Ela, com uma calmaria peculiar, respondeu que pagaria com dor, com choro, emoções, com a sua vida. Recebeu o velho vestido de alegria dessa vez definitivamente. E entende que a alegria jamais viria sozinha, e que o caminho das tralhas as vezes é difícil de ser pago, mas que ainda, sempre vale a pena.