Maçãs mineiras
Maçãs mineiras
Era uma vez um jovem que vivia sua vida rica e perfeita em uma fazenda do Oeste brasileiro com sua bela e jovem esposa.
Em uma ensolarada manhã, enquanto estava sentado em um banco de carvalho na varanda, ouvindo os passarinhos cantando no jardim, ele viu um forasteiro chegando. Os cavalos puro-sangue, que pastavam ali perto do quintal agitaram-se, como se não gostassem daquela visita.
- Eis que vem aí um forasteiro, Branca! - gritou o jovem para sua esposa que se entretinha com seus longos cabelos loiros sobre uma almofada de seda.
- Deve ter cavalgado bem mais de 50 km. Veja como parece cansado!
Branca continuou sua tarefa com os cabelos sem se importar com o visitante que se aproximava da varanda a passos largos.
- Bom dia, meu gentil vizinho! - saudou o forasteiro. - Como está indo o dia?
O jovem fazendeiro observou aquele desconhecido. Apesar do calor do Oeste naquela estação, um manto sujo e pesado lhe cobria, dos ombros aos pés. Um chapéu esfarrapado lhe escondia os olhos.
- Vamos bem! De onde está vindo?
- Pois chego agorinha mesmo de Minas Gerais. Sou só um recém-chegado a visitar meus ilustres vizinhos. Venho tomar posse de umas terras aqui pertin. Vê essas maçãs aqui?
- Vejo! Minha fruta preferida! E um mineiro pisando meu chão é raro privilégio!
- Essas frutas foram colhidas lá em Minas ainda ontem! Pois veja mais de perto. Estão fresquinhas - ele se aproximou com o cesto e entregou uma delas ao fazendeiro.
- Mais bonita nunca vi antes!
- E mais apetitosa também não pode ter provado! Vamos, deixe-a tocar sua alma com esse sabor único.
- É um presente ou está vendendo? - perguntou o fazendeiro com a fruta a meio caminho da boca. - Quero a cesta inteirinha! - E aplicou-lhe farta mordida.
- Me alegra seu desejo. Mas não lhe procurei pra vender maçãs. Vamos, prove mais!
E o jovem fazendeiro, sentindo aquele doce invadir seu paladar, logo consumiu metade da fruta.
E sentiu o ar sumir de seus pulmões.
- Não me sinto bem... - Foi tudo que disse antes de cair sem sentidos sobre o brilhante chão amadeirado.
O forasteiro empurrou o corpo com a ponta de sua bota e se virou para Branca com um sorriso malicioso e deu uma piscadela:
- A senhorita aceita uma frutinha também?