Orinsuke e Os Sete Trovões - Cap 27: Técnicas Samurai: Kenjutsu
Depois do almoço os gakusho foram reunidos no dojo para iniciarem a nova fase dos treinamentos. O sensei Azura entrou no recinto acompanhado por mais três samurais. Um deles era Ranko, o auxiliar direto do sensei, e o outro, reconheceu Orinsuke, era Shimura, o samurai que montava guarda no portão de Jinkai no primeiro dia que chegou ao lugar. O terceiro ele nunca vira.
Nesta nova etapa dos treinamentos os gakusho iniciariam o aprendizado da segunda grande técnica samurai: Kenjutsu, a antiga e tradicional arte da luta com espadas. Azura-sensei explicou que a turma seria dividida em equipes para uma maior agilidade e foco no aprendizado.
Como ferramenta, foi dada a cada um dos alunos uma bokken, a espada de madeira que imita uma katana. Dali em diante, até terem a oportunidade de usar uma de verdade, os gakusho levariam consigo a arma feita de madeira nobre.
Ainda no campo das informações históricas, o sensei disse que os primeiros usuários da “Técnica da Espada” chegaram às terras de Endo no início de sua colonização, vindos do leste. A princípio a katana era utilizada apenas como um mero instrumento de guerra, e foi muito utilizada nos primeiros conflitos entre os ancestrais dos samurais de hoje.
Mas com o passar do tempo, a katana se tornou a arma por excelência do samurai, símbolo de sua alma e de sua força, e foram criadas formas de melhor usá-la, surgindo assim o kenjutsu. Dizem que o primeiro mestre nessa arte foi um samurai chamado Kashima. Depois de sua morte, seus quinze melhores discípulos foram incumbidos de espalhar seus conhecimentos a todos os lugares.
Logo após as explicações iniciais, o sensei Azura definiu as equipes, sendo que a Equipe Um, formada por Yume, Takeda, Jorubo, Taira, ficaria sob responsabilidade da sensei Ranko. A Equipe Dois ficaria sob a supervisão do sensei Shimura, sendo formada por Asako, Shimitsu, Mamoru e Nanashi, e a Equipe Três teria o comando de Hitaro, o outro samurai chamado pelo sensei Azura. Sua equipe seria formada pelos gakusho Katsuromo, Sarabi e Zenpo.
Orinsuke, percebendo que não estava na lista de nenhuma equipe, ficou tenso, imaginando se sua péssima participação no kumite, e seu fraco taijutsu, o teriam desclassificado para a próxima etapa do treinamento, embora o sensei não tivesse comentado nada a respeito. Teria acontecido algo novo?
O jovem gakusho obteve sua resposta quando o sensei se aproximou dele para falar.
- A partir de agora você vai ficar comigo, garoto. Começaremos um treinamento exclusivo, portanto, esteja preparado.
- Algo errado, sensei? - perguntou Orinsuke – Eu sei que meu desempenho no kumite não foi bom, mas….
- Isso não tem nada a ver com o kumite – interrompeu o sensei – A questão é que muito em breve essa turma será requisitada em missões. E para compor o vácuo nas equipes, a própria shidosha determinou que o tempo de treinamento fosse acelerado o quanto antes.
- Então o clã está precisando de nós? - Orinsuke não conseguiu conter a empolgação na voz.
- Não era isso o que queria? - interrogou o sensei.
- Sim, sensei. Com certeza darei o meu melhor.
- Assim espero, pois não pegarei leve com você, gakusho.
Como esperado, os dias seguintes foram intensos, com as equipes treinando os movimentos de ataque e defesa do kenjutsu. No passado existiam muitos estilos de luta com espada, onde mestres de muitos clãs disputavam a superioridade uns sobre os outros no intuito de revindicar seu estilo como o maior de todos.
Muitos desafios eram realizados nessa época, onde dojo lutava contra dojo, gerando as mortes de muitos samurais. Mas, graças ao grande Senin Sidara, os estilos foram unificados no que ele chamou de Estilo Uno. Não se sabe ao certo, mas acredita-se que o grande sábio tenha criado seu próprio estilo para acabar com as mortes desnecessárias. E deu resultado. Hoje não existem mais conflitos pelo posto de melhor estilo, já que estão todos unificados.
Sabendo disso, os alunos se interessaram ainda mais, embora com bastante dificuldade e esforço, pelo fascinante conjunto de movimentos do kenjutsu, torcendo para que logo chegasse o dia em que receberiam sua própria katana, tornando-se assim samurais de verdade.
Orinsuke nunca tinha ido tanto à ala médica quanto agora no treinamento com espadas. Mesmo sendo de madeira, a bokken era uma arma mortal na mão de alguém experiente como o sensei Azura. Muitas vezes fora atingido, derrubado, arremessado ao chão, seu rosto se encheu de hematomas e cortes e seus braços e pernas foram quebrados pelo menos uma vez.
Orinsuke nunca teve sua resistência tão exigida como agora. O sensei Azura não estava pegando leve em nenhum momento. Parecia ter pressa em alguns momentos, ressaltando que o tempo estava curto e precisava avançar no treinamento. Pensando nas missões que poderia realizar em breve, Orinsuke se esforçou ao máximo em atender as exigências do sensei e aprender as posturas do kenjutsu. Não via a hora de se tornar um samurai formado.
Mesmo com todos seu esforço, Orinsuke não conseguia demonstrar habilidade suficiente com a katana. A cada movimento não completado, a cada falha de atenção nos ataques e defesas só fazia com que desacreditasse cada vez mais de suas capacidades marciais.
Na primeira técnica, o taijutsu, comprovara que não era bom, e agora com o kenjutsu tudo indicava que teria o mesmo desempenho. O que estaria acontecendo? Seria realmente capaz de se tonar um samurai, como tanto desejava? Orinsuke lutava constantemente contra o desânimo. Não desistiria facilmente.