Naruto: Kemuri Gaiden - Cap 04: Mal Entendido

Os dois oponentes reiniciaram o combate e Kentaru percebeu que o garoto estava com um olhar mais compenetrado do que antes, concentrado, enraivecido. Socos e chutes foram desferidos entre os dois, mas o menino forasteiro era um excelente usuário de taijutsu. Por mais que Kentaru se esforçasse em defender e se esquivar de alguns golpes, outros começaram a atingi-lo com força.

Uma sequência rápida de socos e cotoveladas no peito e no rosto e um chute rasteiro que o levantou no ar, derrubou Kentaru de costas no chão. O guardião de Kemuri arregalou os olhos quando viu seu oponente sacar uma kunai da cintura. Aquele garoto definitivamente estava lutando por sua vida e, portanto, estava disposto a matar se necessário. Se quisesse sair vivo do combate, Kentaru percebeu que precisava usar outras habilidades.

Ao sacar rapidamente sua espada das costas, Kentaru ativou o fluxo de chacra em volta da lâmina, tornando-a muito mais mortal. Desta vez foi seu adversário que arregalou o olho quando viu sua kunai se partir como um graveto ao se chocar com a espada de brilho azulado. O movimento aplicado, de baixo para cima, continuou e rasgou seu manto completamente, que saiu voando arrastado pelo vento.

Aproveitando o elemento surpresa que a manifestação de sua habilidade gerou, Kentaru pulou na direção do adversário com espada em punho. Não tinha a intenção de matá-lo, mas precisava terminar com aquele combate o quanto antes.

Realizando alguns selos, o garoto demonstrou ter outras habilidades.

“Jutsu? Droga, não vai dar pra esquivar” pensou Kentaru, sendo atingido logo depois pela técnica do oponente.

- Suiton: Corneta de Água.

Um potente cone de água atingiu Kentaru em cheio, fazendo-o atravessar a cabana de uma ponta a outra, despejando seu corpo machucado e molhado do outro lado.

Kentaru se ergueu o mais rápido que pôde, ofegante e com dores no peito devido ao impacto do jutsu. Mais um daquele e estaria em maus lençóis, com certeza perderia aquele luta. Ao olhar para frente viu que o garoto estava logo adiante alguns metros, pronto para recomeçar o combate.

Mas aquilo estava errado, pensou Kentaru. Não precisaria ter que lutar até um dos dois cair ou morrer. Seu propósito nunca foi capturar, caçar, mas sim encontrar aquele garoto e ao mesmo tempo ajudar os aldeões de Kukio. Portanto, ou tentava uma abordagem mais sensata ou lutariam até a morte. Optou pela primeira e resolveu iniciar um diálogo.

- Eu não sei seu nome e não sei porque você está fugindo, mas precisa saber que aqueles que o perseguem ameaçaram pessoas inocentes. Eles exigiram que fosse levado ao Portão da Fronteira para ser entregue, caso contrário destruiriam a aldeia. E isso eu não vou permitir.

- Então não faz parte do grupo que veio atrás de mim? - perguntou o garoto, já mais calmo.

- Claro que não – respondeu Kentaru – Por que está sendo perseguido? Por acaso é um nukenin desertor, um ninja que abandonou sua vila? Você e os ninjas que os perseguem cometeram uma violação ao entrarem no País do Fogo. Sabe disso, não é?

- Eu não tive escolha. Eu e meus companheiros fomos emboscados numa missão e fui perseguido por um longo tempo. Não tive alternativa a não ser atravessar a fronteira. Por sorte consegui despistá-los. Mas pretendo voltar imediatamente ao meu país.

- Não pode simplesmente voltar agora como se nada pudesse ocorrer. Não ouviu o que eu disse sobre os aldeões? Eles correm risco de morrer se você não for entregue no ponto de encontro. Precisa ir com eles.

- Nunca. Eles são shinobi das forças de Hanzou, o líder opressor que comanda a Vila da Chuva e praticamente o país inteiro. Nem mesmo o senhor feudal tem forças contra ele. Eu fui recrutado pela resistência que luta contra seu governo.

- Sinto muito pelo que ocorre em seu país, mas minha prioridade é salvar as pessoas de Kukio, moradores do País do Fogo.

- Entendo – disse o garoto.

- Então, o que fará? - perguntou Kentaru com impaciência na voz.

O garoto baixou a cabeça, pensando sobre a questão, e depois voltou a falar.

- Pensei que se derrotássemos os ninjas que me perseguem, resolveríamos os dois problemas. Eu poderia voltar ao meu país e a sua vila seria salva. Também não quero que vidas corram perigo por minha causa.

- Mas somos apenas dois. A informação que tive é que o grupo é formado por cinco indivíduos. Podem até ser jounins e nós somos genins, não é? Não teríamos chance contra um grupo assim.

Diante das últimas palavras do garoto, demonstrando preocupação com os aldeões, Kentaru percebeu que ele não era uma pessoa ruim. Estava apenas tentando sobreviver. Mas a ideia de combater um grupo de shinobi de nível superior era algo suicida na sua opinião.

- Acredito que não sejam de nível tão alto. Podem ser chunins. Mesmo assim são guerreiros treinados. Mas se construirmos uma boa estratégia, podemos enfrentá-los.

- Como tem a certeza que irei te ajudar nisso? - questionou Kentaru.

- Aqueles ninjas não tem honra. Nada impede que eles me matem e também queiram atacar a aldeia para não deixar testemunhas de sua presença além da fronteira.

- Muito bem, mas só farei isso para salvar ao aldeões. Depois disso, se sobrevivermos, volte para seu país, sua guerra, e nos deixe em paz.

- Entendo.

- Acho que agora podemos nos apresentar. Eu me chamo Miyamoto Kentaru.

- Eu sou Yahiko.

De repente a conversa entre os dois foi interrompida por um grito de lamento.

- O que? Não, o que fizeram com minha casa? - o velho camponês estava perplexo ao ver sua cabana destruída.

- Desculpe. É que demorou um pouquinho para nos conhecermos melhor, não é Yahiko? - falou Kentaru, com uma expressão de constrangimento e um sorriso falso.

- S..sim. Acho que sim – falou Yahiko, com o mesmo sorriso sem graça.

MiloSantos
Enviado por MiloSantos em 30/12/2019
Reeditado em 31/12/2019
Código do texto: T6830655
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