Naruto: Kemuri Gaiden - Cap 03: O Fugitivo do País da Chuva
A distância entre o monte Jofukan e a aldeia de Kukio era de alguns quilômetros. Graças ao treinamento ninja, Kentaru percorreu esse trajeto em algumas horas, parando apenas para comer ou beber alguma coisa rapidamente. Precisava chegar o quanto antes a pequena aldeia.
Pouco tempo depois, Kentaru atravessava as primeiras árvores adentrando o bosque Mabuki. A aldeia de Kukio ficava mais ao norte numa clareira no meio da mata. Assim como Kemuri, sua vila natal, Kukio era uma aldeia de lenhadores e caçadores, que sobreviviam do que o bosque ofertava.
Imaginar que seus pacíficos habitantes, cidadãos do País do Fogo, possam ter sofrido algum tipo de violência irritou Kentaru. O que faria com que shinobi da chuva atravessassem a fronteira numa ação desse tipo? A guerra havia acabado há um bom tempo e vivia-se um período de paz. O que estaria acontecendo no país vizinho?
Enquanto pensava a respeito de questões políticas, Kentaru finalmente chegou a Kukio e se deparou com um triste cenário. De fato a aldeia tinha sido atacada e as marcas ainda estavam presentes. Algumas cabanas estavam danificadas ou queimadas, e o pior, o velho líder da aldeia, um homem chamado Banko, havia morrido.
Desconfiados, os aldeões perguntaram quem seria aquele garoto curioso, nunca visto por essas bandas.
- Eu vim de Kemuri e me chamo Miyamoto Kentaru. Mas alguns me conhecem como o Guardião da Fumaça – Kentaru achou que, falando o mais abertamente possível, poderia ganhar a confiança da população. Mas o resultado não foi o que ele esperava.
- Como tem coragem de inventar uma mentira dessas, pirralho? - disse um dos aldeões – Não vê que estamos sofrendo e até agora nenhum guardião veio nos ajudar? Ele também é uma mentira.
- Não, eu estou aqui – falou Kentaru – Posso até ser muito jovem para vocês, mas durante os últimos meses sou eu quem tem ajudado a livrar essa região dos malfeitores. Veja, posso provar.
Kentaru sacou a espada das costas e a envolveu com uma aura de chacra azul.
- Eu também sou um shinobi. E vim protegê-los. Agora preciso que me digam o que aconteceu aqui.
Os que se convenceram de que Kentaru estava falando a verdade disseram que a pelo menos dois dias um jovem tinha chegado na aldeia. Estava bastante ferido e disse que precisava chegar à Konoha para falar com seu mestre, pois seus amigos corriam perigo de morte. Devido aos ferimentos, o garoto perdeu a consciência e ficou desacordado por longas horas, sendo cuidado pessoalmente por Banko, ancião líder e curandeiro da aldeia.
Mas para surpresa e desespero de todos, um grupo shinobi veio à procura do garoto dizendo que seria um fugitivo, acusado de cometer um crime no país vizinho e que havia escapado atravessando a fronteira.
Os shinobi vasculharam a aldeia e descobriram que o garoto a quem procuravam realmente havia estado ali, mas que fora protegido por Banko, que o ajudou a fugir novamente das garras dos perseguidores. Como punição por terem protegido um fugitivo, os shinobi acabaram matando o ancião e destruindo algumas casas.
Depois disso, o grupo entrou no bosque e sumiu. Mas antes disseram que voltariam e destruiriam de vez a aldeia caso os habitantes não entregassem o fugitivo e o deixassem no Portão da Fronteira em dois dias.
- E onde está esse garoto agora? - perguntou Kentaru.
- Não sabemos – respondeu um dos aldeões – Mas com certeza ainda deve estar ferido em algum lugar do bosque, pois seus ferimentos ainda não tinham curado completamente.
- Muito bem, não saiam da vila, eu vou tentar achar esse garoto nas redondezas e saber o porquê dele ter vindo parar aqui – disse Kentaru, andando em direção ao bosque.
- Hei, garoto, não tem medo de encontrar os assassinos por ai? Não é melhor buscar ajuda? - questionou outro aldeão.
Kentaru parou e se virou sorrindo para os aldeões, fazendo um sinal de positivo com o polegar..
- Não se preocupem. Eu sou o Guardião da Fumaça, lembram?
“A vida daquelas pessoas está em risco. Preciso encontrar esse garoto o quanto antes. Mas por onde começar? Esse bosque é grande” pensou Kentaru enquanto corria em disparada por entre as árvores.
Correndo contra o tempo, Kentaru percorreu alguns lugares que poderiam ser bons esconderijos para alguém em fuga, mas não obteve êxito na busca. Mas o destino estava ao seu lado quando se deparou com um senhor puxando um pequeno carrinho de madeira. O mesmo, vendo Kentaru portando sua espada desembainhada, tomou um enorme susto e deu a volta para sair correndo.
- Hei, calma senhor, não vou machucá-lo – Kentaru rapidamente surgiu na frente do homem, barrando sua passagem – Estou a procura de um garoto. Ele está ferido e provavelmente não deve ter ido muito longe. Não o viu por aqui?
- Por favor, não me faça mal. Eu só quis ajudá-lo e lhe dei um pouco de abrigo, água e comida.
- Não precisa ter medo, não vou machucar você. Mas a vida de outras pessoas corre perigo se eu não encontrar esse garoto a tempo.
- Então você não pertence ao grupo que está atrás dele?
- Não – respondeu Kentaru - Então, onde ele está? Você o viu?
- Sim. Ele está em minha casa no alto daquela elevação – apontou o homem.
- Muito bem, peço que fique aqui e não vá para casa agora. E obrigado pela coragem.
Assim que subiu a encosta, não demorou muito e Kentaru avistou a velha cabana do aldeão. O lugar estava tranquilo e os pássaros cantavam ao redor nas árvores. A porta estava fechada mas uma leve fumaça saía de uma pequena chaminé no teto. Melhor, pois entraria de vez pela frente, numa ação surpresa, e tiraria logo aquele garoto de dentro para lhes fazer umas perguntas.
A porta veio abaixo quando Kentaru a chutou com força e rapidamente entrou na cabana, indo direto para o local onde ouvira um barulho de pratos quebrando. Ao chegar não viu ninguém. Havia comida e cacos no chão, uma panela aquecendo no fogo e logo ao lado uma porta aberta que dava para o fundo da casa.
“Para um garoto fujão, até que é bem rápido. Deve ser acostumado a viver fugindo o coitado” pensou Kentaru ao abrir a porta. Já do lado de fora foi surpreendido com um movimento rápido do seu lado esquerdo.
O vulto na verdade era um garoto vestido num manto escuro. Estava com metade do rosto enfaixado, fazendo-o enxergar com apenas um dos olhos. Kentaru impressionou-se com sua velocidade, mas conseguiu esquivar de um chute que o acertaria em cheio no rosto. O golpe atingiu a porta da cabana, partindo-a ao meio.
Aproveitando a brecha, Kentaru aproveitou e bateu com os dois punhos fechados no peito do adversário. O garoto rolou pelo chão alguns metros e ergueu-se rapidamente em posição de combate. O mesmo foi surpreendido quando um dos pedaços do que sobrou da porta da cabana veio voando em sua direção.
Assim que o oponente segurou o pedaço de madeira, Kentaru soube que sua distração havia funcionado. Saiu correndo, saltou e atacou num chute giratório, batendo como uma espécie de martelo com o calcanhar. O impacto destruiu a madeira, espalhando seus pedaços no ar, e atingiu o rosto do garoto misterioso. O mesmo arqueou a cabeça para frente, apoiou uma das mãos no chão e num contra golpe atingiu o rosto de Kentaru com um poderoso chute rodado.
Kentaru sentiu o sangue escorrer do canto da boca. O golpe o havia jogado para trás, mas se ergueu rapidamente e por um momento os dois oponentes ficaram se encarando.
- Tem certeza que pretende continuar com isso? - perguntou Kentaru – Eu o procurei por toda parte e, agora que o encontrei, preciso que venha comigo. Vidas dependem disso.
- Não serei prisioneiro daquele tirano do Hanzou. Só conseguirá me levar daqui morto – falou o garoto.
- Hanzou? Quem é esse? - Kentaru nunca tinha ouvido falar nesse nome.
- Chega de truques – o garoto avançou velozmente e a luta recomeçou.