Orinsuke e Os Sete Trovões - Cap 5: A dupla samurai
- Rendam-se, todos vocês - falou a mulher. Apoiava a mão no cabo da katana presa à cintura enquanto encarava seriamente o grupo de bandidos. Atrás dela o outro samurai, alto e robusto, portava sua espada presa às costas e segurava um punhal na mão, movimentando-o habilmente com os dedos.
Os meliantes estavam claramente nervosos com a chegada da dupla de guerreiros. E os aldeões observavam a situação com apreensão. Orinsuke estava maravilhado com a presença dos samurais. Suas figuras calmas e imponentes transmitiam um ar de superioridade e segurança.
- Nos entregar? - falou o líder dos bandidos, fazendo um sinal para o grupo. Os demais se reuniram junto do chefe, armados com seus porretes e facas -Você não sabe contar, samurai? Somos vinte contra dois. Acho melhor vocês darem meia volta e saírem daqui, ou vão morrer.
O bandido que havia perdido a faca voltou a empunhar a arma, na intenção de agredir o garoto aldeão. Mas antes de atingir seu alvo, o assaltante veio a nocaute, atingido por uma forte joelhada no rosto desferida pela guerreira samurai. Orinsuke e os demais presentes demoraram um segundo para entender o que tinha acontecido. A samurai chegara em incrível velocidade ao seu objetivo.
Depois de verem o que a samurai havia feito com seu companheiro, os bandidos a cercaram com porretes e facas em punho. Em nenhum momento a guerreira se mostrou intimidada. Encarava atentamente o bando a sua volta com olhar furioso, posicionada na frente do garoto que salvou. O grupo, inclusive o líder que ali estava, ficou por um momento parado, receoso de atacar. Talvez, pensou Orinsuke, com medo de enfrentarem alguém velozmente mortal como aquela mulher.
---- Ela é apenas uma, seus idiotas. Ataquem. --- como que despertos do transe de temor, os bandidos atacaram quase que ao mesmo tempo.
Os três primeiros que se aproximaram caíram como folhas depois de terem seus golpes desviados e de serem atingidos pelos velozes punhos da samurai. Orinsuke observava maravilhado a velocidade com que a guerreira desferia seus ataques. Se movimentava com leveza e vigor, esquivando dos ameaçadores porretes e das facas dos oponentes a ponto de muitos não acompanharem seus movimentos. Socos, cotoveladas e chutes foram desferidos como raios. E mais quatro assaltantes tombaram. Orinsuke notou que em nenhum momento a samurai sacou a katana da cintura.
Sobraram apenas o líder do grupo e mais quatro de seus capangas. Os cinco avançaram de uma vez, mas apenas três deles atacaram a samurai. Os outros dois correram na direção dos aldeões. Orinsuke viu o desespero estampado nos olhos daqueles homens maus. Já tinham mostrado que eram capazes de matar sem remorsos. Sentiu o Sr. Onoke agarrando-o pelo braço, tentando fugir dali. O líder dos bandidos corria em sua direção.
O samurai grandalhão agiu rápido disparando mais um punhal com grande precisão. A arma atingiu um dos assaltantes no pescoço, neutralizando-o, mas não foi suficiente para impedir que o líder se aproximasse e desse um forte chute no peito de Orinsuke, lançando-o para trás.
O bandido pegou o Sr. Onoke como refém, agarrando-o por trás. Nesta hora o tempo pareceu parar para o garoto. Seu pai adotivo estava ali a mercê de um homem perigoso, sob a ameaça de uma lâmina afiada.
- Para trás, samurais, ou acabo com a vida desse velho miserável! - o homem arrastava sua vítima na direção de uma das carroças na estrada. Bastante nervoso, ele olhava para todos os lados. Toda a sua segurança tinha desaparecido com a derrota do seu grupo. Orinsuke estava paralisado, com medo do que poderia acontecer ao Sr. Onoke.
Com seu refém na ponta de sua faca, o bandido ameaçou tirar sua vida caso os samurais não se afastassem. Olhando para Orinsuke, exigiu que o garoto trouxesse uma carroça.
Orinsuke lamentava que a situação tivesse chegado a esse ponto, com a vida do sr. Onoke por um fio. Todos os aldeões, ainda reunidos e estáticos num mesmo lugar, estampavam em seus semblantes a preocupação. O Sr. Onoke era bastante conhecido e um morador antigo de Kimoto. Perdê-lo seria um golpe duro para os moradores da pequena aldeia.
- E agora, Kiha? Dessa distância não consigo acertá-lo com meu punhal. Nem você pode agir nessa situação. Acho melhor deixar esse desgraçado fugir e torcer para que não faça nada ao velho. Enquanto isso, podemos segui-lo de longe.
- Não, Katayama! Somos samurais do clã Wanabi, e não negociamos com bandidos - a samurai acompanhava atentamente enquanto Orinsuke aproximava a carroça do assaltante.
- Mas como...?
- Vou usar o Salto Relâmpago. Só preciso de uma brecha - Kiha flexionou as pernas e toda musculatura ficou rígida. Uma aura azulada começava a percorrer seu corpo.
- Tem certeza? Nesse nível de velocidade, contando a posição do alvo, você deve ser bem precisa.
- A prioridade é salvar o refém.
Assim que observou a cena, Katayama entendeu a brecha da qual a companheira falava. Quando Orinsuke, conduzindo a carroça, passava exatamente na frente do bandido, obstruindo sua visão, a brecha de poucos segundos que Kiha aguardava aconteceu. E foi nesse intervalo que a samurai agiu.
No combate anterior, Kiha tinha demostrado o quanto era veloz. Mas ao utilizar sua principal técnica samurai, tinha alcançado um outro nível. Seu avanço foi tão rápido que ela praticamente foi de um ponto a outro do terreno num piscar de olhos, deixando para tás um rastro de poeira e uma pequena cratera no ponto onde estava.