Guardiões de Faery - Cap 1: A queda da Elfa das Sombras

15 anos atrás, final da Guerra da Aliança

Sozinha, a inimiga tinha chegado e dizimado metade do exército do reino. As forças de Grimmland resistiram bravamente, mas o poder da elfa escura era forte demais para pessoas comuns, mesmo sendo soldados bem treinados.

O que sobrou das forças de defesa enfrentou um exército de orcs, trolls e fadas corrompidas, que invadiu o reino através de portais mágicos. O resultado foi um grande massacre, o que empurrou o restante do exército do reino para trás das muralhas da capital, Arendel.

Em frente a muralha da cidade, Maledris, a líder das forças sombrias, exigiu a presença do rei James diante dela. Que ele reconhecesse seu poder e se ajoelhasse aos seus pés.

O rei James não atendeu a exigência de Maledris. Esperava ganhar tempo, pois já tinha solicitado ajuda aos reinos vizinhos. Em sua mensagem dizia enfaticamente que se as forças do mal não fossem detidas, não só Grimmland cairia, mas todos os povos de Faery seriam massacrados.

Vendo que o rei não atenderia sua ordem, Maledris saltou por cima da muralha e invadiu sozinha a capital, enfrentando o exército defensor nas ruas da cidade. O caos se estabeleceu em Arendel e a poderosa elfa só parou quando chegou às portas do castelo real e as derrubou com sua magia. Lá dentro, o rei James, a rainha Helena e sua filha de apenas um ano, a princesa Bellamy, viram a Guarda Real, os soldados de elite do reino, serem facilmente derrotados.

- Ora, ora, que bela imagem ver a família toda reunida – Maedris caminhava lentamente na direção do trono onde estavam o rei e sua família. Seu longo vestido preto esvoaçava de forma sobrenatural. Nos braços e peito usava placas de uma armadura escura e na cabeça uma tiara que lembrava uma pequena coroa.

O rei James adiantou-se, no intuito de defender a rainha e a pequena princesa, e sacou das costas uma bela espada. A arma, de lâmina grossa, tinha encrustada no metal uma safira. A pedra azul começou a brilhar intensamente e a expelir energia na forma de fortes chispas elétricas. A medida que o rei se aproximava da elfa, a força elétrica se intensificou, tomando toda a lâmina. Os dois ficaram a alguns metros de distância no grande salão.

- Raio Lunar – falou Maledris, sorrindo maliciosamente – Que bela espada. Ainda lembro da noite que a dei de presente. Modéstia parte, foi uma de minhas melhores criações.

- Não permitirei que machuque minha família, Maledris. Não é bem-vinda em meu reino.

- Não era isso que costumava me dizer a pouco tempo atrás em nossos encontros fortuitos de amor. Como é mesmo que vocês humanos chamam esse tipo de relação? Amantes, não é? Ah, desculpe, nobre rainha Helena, não queria ofendê-la com essa revelação de nosso passado – a elfa fez um gesto de reverência na direção da rainha.

- Chega – o rei vociferou e se colocou em posição de combate – O que aconteceu entre nós nunca foi relevante para mim. Eu só tenho uma rainha, elfa, e nunca colocaria ninguém em seu lugar.

A elfa sombria encarou o rei com expressão fechada, olhos repletos de ódio. Logo depois, recompondo-se, voltou a sorrir.

- Vocês humanos têm o péssimo hábito de menosprezar sentimentos e amar o poder. Duas forças que não podem conviver juntas. Pensando nisso eu resolvi retornar do meu autoexílio e lhes dar o que mais veneram. Mostrarei o que de fato significa essa palavra. A começar deste patético reino, levarei a esse mundo um poder jamais visto. Minhas crias caminharão por todas as terras e eu serei rainha de toda Faery.

- Ah, e não se preocupe rainha Helena – continuou Maledris - Não farei mal a você e a sua filha. Pelo contrário, em meu novo reino você e a princesa serão minhas principais servas.

- Jamais, bruxa – profundamente enraivecido, o rei James saltou na direção da elfa com Raio Lunar brilhando como um relâmpago.

- Venha, patético rei, mostre-me seu poder.

O combate se estendeu por alguns segundos, com o rei tentando atingir a oponente com sua poderosa espada eletrificada. Com velocidade sobrenatural, Maledris se movimentou para o lado, evitando ser atingida. Sempre com um sorriso no rosto, brincando com seu oponente, a elfa esquivou das velozes e furiosas investidas de James.

A lâmina de Raio Lunar rasgava as pedras do chão e das pilastras quando não atingia seu alvo. Experiente, James não era apenas o rei, mas sempre fora um excelente guerreiro, admirado pela sua capacidade de combate. Mesmo com bastante dificuldade, não demorou para encontrar uma brecha nos movimentos da oponente. O próximo golpe acertaria em cheio.

Não foi o que aconteceu.

Gesticulando com uma das mãos, Maledris evitou de ser cortada pela espada mágica, criando um escudo de energia escura como ônix. Com a outra mão, diante do olhar perplexo do rei, gerou uma espada, feita da mesma energia sombria, e desferiu um veloz e poderoso golpe.

O rei James fez um movimento rápido com sua espada para defender-se da investida, mas não foi suficiente. A lâmina de Rocha Lunar continha magia élfica, tornando seu metal muito mais resistente que o aço comum. Mesmo assim, o impacto gerado pela espada de pura energia de Maledris partiu ao meio a famosa espada do rei, atingindo no exato ponto onde estava incrustada a safira.

O resultado foi uma explosão que lançou raios elétricos por todo o salão real, destruindo estátuas e danificando as paredes e o teto. A rainha Helena segurou firme sua filha no colo e se protegeu atrás do trono. Logo em seguida ouviu o barulho de algo se chocando contra a cadeira.

Era o corpo do rei, que havia sido arremessado pelo impacto da explosão.

Maledris, desfazendo o escudo místico que fizera para se proteger da explosão, caminhou lentamente na direção do trono. Com a maior parte corpo queimado pela eletricidade, e respirando lentamente, o rei James ainda tentava segurar a espada partida nas mãos.

- Certa vez conheci você aqui neste salão. E exatamente aqui encerro nossa relação.

A elfa disse essas palavras encarando friamente o rei, para logo em seguida atravessar seu corpo com a lâmina mística. Neste momento, encerrava-se a vida do rei de Grimmland.

O grito angustiante de dor da rainha ecoou por todo o salão real. A pequena princesa chorava sem parar em seus braços.

Maledris jogou o corpo do rei para o lado e sentou-se no trono.

- Ora, ora, nobre rainha Helena, tudo isso poderia ser evitado se ele simplesmente se ajoelhasse aos meus pés. Mas você sabe como são os reis, orgulhosos e inconsequentes. Acham que podem fazer o que bem entendem. Mas alegre-se, chegou uma nova era, a era da justiça implacável contra homens como este, a era de Maledris, a rainha suprema de Faery.

De repente uma outra voz se fez ouvir no salão.

- Não, Maledris, seu reinado sombrio não terá início.

A elfa olhou para cima e viu quando figuras majestosas sairam de portais mágicos no alto do salão. Eram elfos.

- Faenor? Ora, ora, se não é o Conselho Branco em pessoa – falou Maledris – A que devo essa honra?

- Viemos acabar com sua loucura – respondeu um dos visitantes.

- Taí uma coisa que gostaria de ver – disse a elfa, com um sorriso sinistro nos lábios.

Logo atrás, sem que a elfa percebesse o movimento sutil, um portal se abriu diante da rainha. Uma figura feminina saiu e rapidamente resgatou a assutada mão e sua filhinha. O portal voltou a se abrir, já no pátio do lado de fora do palácio, e as três saíram em segurança.

- Muito obrigado por nos salvar – disse a rainha aos prantos – Mas quem é você?

- Me chamo Morgana Lefey, de Ávalon. Mas isso é irrelevante agora. Vamos, vou levar as duas para um lugar seguro.

- Então o pedido de ajuda do meu marido foi ouvido.

- Sim, minha rainha. Neste exato momento, do lado de fora de suas muralhas, as tropas das sombras enfrentam os exércitos combinados de Ávalon, País das Maravilhas e de Sherwood.

- E temos chances de vitória? Aquela bruxa é o mal em pessoa.

- O Conselho Branco atendeu o chamado do meu mestre. E se os senhores elfos estão aqui, não há o que temer.

Enquanto Morgana tentava acalmar a rainha e dar-lhe esperança, a guerra contra as forças de Maledris se dava em duas frentes. A primeira contra a própria elfa sombria, tarefa essa a cabo do poderoso Conselho Branco. A segunda frente, mais sanguinária, se deu contra o exército de milhares de trolls, orcs e fadas caídas, onde o exército do que se chamaria de Primeira Aliança lutou bravamente.

Além das forças de campo compostas por bravos soldados, a aliança tinha uma poderosa arma: os magos. Liderando uma tropa de usuários das artes místicas estavam Merlin e Oz, os magos humanos mais poderosos de toda Faery. Sob a liderança deles e de grandes generais, a aliança saiu vitoriosa, dizimando a maior parte das criaturas do mal. O que sobrou dispersou e fugiu para os cantos remotos do mundo.

Por fim, depois de uma luta titânica que destruiu completamente o palácio real e uma parte da cidade em volta, a poderosa elfa caída Maledris foi finalmente derrotada. A mesma teve seus poderes mágicos retirados pelos membros do Conselho Branco e selados em cinco pergaminhos, que posteriormente seriam chamados de Pergaminhos das Sombras.

Na grande assembleia que se deu após o fim da batalha, ainda nas ruínas do palácio de Arendel, os Pergaminhos das Sombras foram deixados sob a guarda dos líderes da aliança. Um deles foi para Ávalon com o Rei Artur; o segundo foi para o condado de Sherwood, sob a guarda de Lorde John; o terceiro foi para a Cidade Esmeralda, capital do reino de Oz, sob os cuidados do seu rei-mago; o quarto ficou com a Rainha de Copas do País das Maravilhas; e por fim, o quinto pergaminho ficou em Grimmland sob a proteção da rainha Helena.

E assim terminou o momento mais sombrio da história das terras de Faery. Mas a maldade trazida pela elfa das sombras ainda faria sua última vítima tempos depois.

Cinco anos após o final da Guerra da Aliança, a pequena Bellamy, princesa de Grimmland, numa de suas explorações pelo castelo, sempre em busca de lugares novos para brincar, se depara com uma passagem secreta que a leva à câmara onde estava guardado um dos pergaminhos das sombras.

Fascinada pelo objeto que exalava uma leve luminescência, a princesa o toca e a energia maligna invade seu corpo. Depois de um dia inteiro de buscas, uma desesperada rainha Helena encontra sua filha caída no chão, vítima de um poderoso sono místico.

A princesa só abriria os olhos semanas depois, e a partir daí ficaria conhecida como a Bela Adormecida.

MiloSantos
Enviado por MiloSantos em 20/11/2019
Reeditado em 21/11/2019
Código do texto: T6799026
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