Sete

Não vejo mais o céu. Não sinto suas nuvens e nem seus dedos em meus cabelos. Ainda estou por perto, mas não perto o bastante. Ouço as vozes dos que amei. Ouço, mas sem que eles saibam. Apenas escuto, como se estivesse ouvindo atrás da porta. Estou congelado, no entanto, o frio não é capaz de me preocupar. O que me machuca é a letargia, a paralisia e o cárcere. Sempre o mesmo aroma de grades marrons ao meu redor, sempre me protegendo, prendendo, escondendo.

Continuo amando, mesmo aqui, nesse lugar não distante o bastante para nos separar. Estou longe de você, talvez, o mais longe que alguém poderia estar. Apesar disso, você está a apenas sete palmos de mim.

Fillipe Evangelista
Enviado por Fillipe Evangelista em 29/09/2007
Reeditado em 29/09/2007
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