O Mestre da Palavra (Diálogo conflituoso - Monólogo) PT1
DIÁLOGO CONFLITUOSO - Monólogo
- As palavras, a arma mais efetiva e mortífera já desenvolvida.
O olhar lançado por debaixo de suas longas sobrancelhas, firmes, cautelosos, frios e profundos, mas não tão vazios, não quanto suas palavras, suas palavras diretas e sem remediações, para ele expressão de um profundo exaltado pelo aluvião experimentado por sua existência, para o outro, loucura e vazio, uma evidência de sua convicção.
- E não, não estou falando dos curiosos e artísticos encantamentos que os dominadores de energia usam, ahnn, magos arrogantes, eu falo das palavras em sua reversa essência, como tais quais eu as profero aqui.
Suspirou, ar esvai-se de seu pulmão, ressoando um som que ditava cansaço emocional.
- Por quê? Por que reversa essência? Interessante, bom, confesso que esperava mais de você, as palavras em sua natural essência foram criadas para a sobrevivência, não para a morte, os bebês quando nascem, choram, usam da palavra para lhes favorecerem para a vida emergente, exceto "aqueles" arrogantes, de fato, eles não choram quando nascem, talvez seja isso que os fazem especiais, os animais usam de sua voz para se comunicar, intimidar, a palavra em favor da vida, não importa se eles usam outra linguagem de comunicação, ainda são palavras. A palavra em sua natural essência, gera vida, os cultuadores do Deus Antigo já diziam que tudo foi criado através de sua palavra, e tudo se fez novo, tsc, retornando... Eu não consigo evidenciar nas malditas palavras o desprazer desnudo que sinto, e faço dessas palavras como um todo, um desprezível e singular sentimento, um todo de um nada, a incapacidade de controlar e não temer o desconhecido que afronta e consome o mais enrubescido dos seres, compreende?
Seu semblante, figurando expressões tranquilas e pouco coordenadas agora eram deformadas, sua coordenação denominava ódio, raiva, ou quaisquer sentimentos que esclareceria a decepção incessante de um ser chafurdado.
- O motivo? Como está escrito nos manuscritos deixados por Relkor, jamais descobertará a ação aluada inusual se não desvendar a genitura da motivação somado ao ensejo circunstancial. Não posso discordar e nem mesmo concordar, afinal, aquele que foi considerado o homem mais sábio da terra e dos mares, hoje, hoje ele é um amontoado de ossos, tudo lançado ao vento atormentante chamado morte.
Pegou-se em uma busca incessante em sua mente, por alguns segundos, parecia indeciso sobre a resposta ou talvez insatisfeito com o acordo de suas ideias
- O MOTIVO? Melhor lhe dizer como, ele enrolou uma corda em seu pescoço e todos os seus anos de sabedoria, que proveitosos para muitos, para ele de serventia alguma, perdeu a guerra chamada vida. Eu também perdi! Nos perdemos na justiça que achamos ser nossa, mas na verdade, não era.
A entonação, forma de emissão e altura de voz mudaram-se, a voz estridente, emissão conturbada, o timbre misturado com a ofegância de seus pulmões, a mais pura conotação de descontrole, seus olhos arregalados, o arômata do ódio, boca aberta, lábios trêmulos em contração à êxtase de sentimentos que o tomou. Ergueu sua mão, orientou seus olhos à ela, mão suja, mão imunda, era algo que seu ser jamais seria capaz de limpar.
A justiça em contra partida (...)