Em Flor do Sertão, cidade castigada pela seca, o gado morria à míngua e a alimentação era à base de milho. Lá vivia Sibila, avó de Núvia, que já sofria reflexos. Aprendeu bem cedo que água era artigo de luxo. De manhã, acordava e com o balde ia até o centro da cidade (3 km), onde recebia o suficiente para o dia. Com apenas 8 anos já carregava o peso. Toda vez que o mês virava e a chuva não vinha Sibila, que era conhecida por muitos como bruxa do amor, porque vivia a juntar casais para o matrimônio, recolhia os capins estocados na gaveta da cozinha (recolhidos na procissão de ramos) e ia para trás do estábulo, ascendia uma fogueira e os queimava dançando uma música com vocativos para a chuva. No dia seguinte, a chuva caia. Depois da morte de Sibila, a menina disse à mãe que a chuva jamais apareceria porque a magia de sua avó nunca mais seria feita. A mãe que nunca acreditou nos boatos dos vizinhos, nem deu atenção à fantasia. Dois meses depois, sem nenhuma chuva e a fome assolando a região, Núvia foi até a gaveta da avó, juntou os ramos e repetiu o ritual. No dia seguinte, a chuva caiu e todos celebraram dizendo ser bruxaria da alma de Sibila e a menina de 9 anos disse: -Não, mãe. É que a vó me ensinou o poder da magia e eu fiz esse encantamento para a chuva cair. A mãe riu dizendo que a menina era criativa. Enquanto isso, Núvia dançava feliz, ao lado da vó que só ela via, naquela chuva de amor.
Desafio Bviw- O encantador poder da magia- 18 linhas
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