Um Conto Da Besta Ladrador (A Queda Do Cavaleiro da Besta)
(Nota: O conto a seguir é uma adaptação das antigas histórias da “Demanda do Santo Graal)
Palamades era o mais valente e destemido entre os Cavaleiros da Távola Redonda. Um caçador honrado e obstinado em sua busca pela grande fera devoradora de homens, a Besta Ladrador.
O Cavaleiro finalmente obteve esperanças quando recebeu uma notícia do um condado vizinho:
– Meu Senhor Palamades. A criatura foi vista em direção às montanhas. E ela sangra e manca, pois fora atacada por ursos.
– Seguirei imediatamente. – Disse o Cavaleiro – Entreguem a este homem um punhado de ouro e siga seu caminho.
O cavalo galopava velozmente pela estrada. A viagem era longa demais pra levar alguma comitiva ou mantimentos e a Besta poderia se curar mais rapidamente do que o Cavaleiro conseguiria marchar.
Partiu com pressa, sem pensar na resistência de sua montaria, pois não poderia correr o risco de perder sua caça. Voava pelas matas até entrar na profunda floresta em direção às montanhas.
Cavalgou por um dia sem descanso até parar no leito do rio, de frente a uma caverna.
Observou rastros de sangue no chão. A Besta estava ferida de fato.
– Ferimento na parta esquerda, a criatura deve ter problemas para andar. Pode ter se curado, mas não conseguirá correr. Desta caverna um de nós não sairá!
Palamades entrou na caverna escura sem tochas ou auxílio. Se escondia nas sombras, da mesma forma como fazia sua presa.
Avistou mais a frente o seu alvo: dois olhos flamejantes que iluminavam a boca serrada com presas do tamanho de punhais. A criatura demoníaca estava alerta, sabia que não teria como sair da caverna sem passar pelo Cavaleiro.
E atacou.
Um rastro de fogo era o que parecia seus movimentos no escuro. Seus olhos brilhavam e faíscas saltavam sempre que a Besta era refletida pela espada de Palamades.
Os dois estavam sem visão completa de seu inimigo. O Cavaleiro era guiado pelos olhos infernais, e a Besta Guiada pelo cheiro. A batalha durou até que Palamades cometeu um erro.
A Besta golpeou a mão do Cavaleiro e arremessou sua espada no abismo da caverna. Desarmado, Palamades recuou até uma parede e se apoiou. Olhou firme nos orbes de fogo que salivavam por sua carne.
A criatura disparou em sua direção e com um salto abocanhou o ombro de Palamades. Suas presas não encontraram resistência em perfurar a armadura prateada e a pele do Cavaleiro. Com um grito de fúria a caverna ecoava junto com um rugido de dor.
Palamades havia apunhalado a criatura no pescoço como último recurso. Se deixou morder para encurtar a distância do seu alvo e garantir um golpe certeiro. A estratégia custou muito caro.
Com mais dois golpes de adaga, a Besta recua e grita soltando o Cavaleiro que desaba em dor e sangue.
Segurando firme no cabo da arma, Palamades observa a criatura sufocando até seus olhos perderem o brilho.
Toda a fúria e coragem despejam em forma de dor e calafrio. Palamades se arrasta até a entrada da caverna, observa a lua e deseja um gole de vinho. Com a mão estendida ele braveja:
– Saúde à todos os bravos Cavaleiros, que assim como eu, encontrarão o descanso final.