Prelúdio: Uma rápida história de vida (?)

Navegantes,outubro de 2004

Começo a contar uma história não tão triste e nem tão bonita quanto a de Romeu e Julieta,mas,com seu toque de importância. A história de minha vida.

Antes de começar gostaria de me apresentar. Meu nome deixarei como Kanan,como muitos me conhecem. Nasci em uma familia pouco tradicional. Filha de mãe solteira e irmã caçula,tive uma infância considerada normal. Hoje tenho 22 anos e cada dia que passa sou aterrorizada pela conseqüência das minhas decisões.

Voltemos um pouco no tempo,mais precisamente em março de 1999.

Eu tinha 16 anos,levava uma vida normal,escola,amigos e uma grande paixão.

Uma noite me entreguei a essa paixão,um homem de boa aparência e que prometeu-me mudar a vida. Sem saber o que estava para acontecer permiti que fizesse comigo algo meio estranho,porem,muito excitante.

Na hora sentir-me tonta e dolorida como se parte de meu corpo estivesse morrendo,adormeci.

Despertei na noite seguinte me sentindo estranha,e esse homem estava ao pé da cama onde eu me encontrava vestindo uma camisola preta e iluminada por velas. Pedi que me explicasse o que aconteceu e ele me disse que nunca mais poderia viver minha vida,pois agora era uma filha da noite.

Ele se mostrou muito dedicado em me ensinar como ser um vampiro,eu me sentia uma recém nascida,uma criança indefesa aprendendo tudo sobre o mundo.

Ele me ensinou as leis a seguir e os clãs que pertenciam a Camarilla,eu fazia parte dos Ventrues,assim como ele. Em pouco tempo me encontrava no meio da alta sociedade vampirica e assim vivi por alguns meses.

Por motivos maiores meu tutor precisou voltar ao seu país de origem,embora os pedidos e sua própria vontade fossem muitos eu não pude acompanha-lo. Durante alguns meses convivi com um malkavian gênio da informática,e tive como “protetor” um brujah,que se apaixonara por mim. Não era muito normal essa convivência e por isso tentamos manter nossos encontros em segredo. Isso não foi possível por muito tempo,o brujah foi acusado de tentar contra o príncipe e o malkavian foi morto como seu cúmplice. Resolvi que era hora de deixar a cidade,meu tutor me deixara em boas condições,poderia ir a qualquer lugar do mundo,mas,conclui que a melhor coisa a se fazer era ficar no Brasil. Fui para cidade de Navegantes, onde tinha uma atividade noturna que me rendia bons lucros na cidade próxima.

Passei 3 anos escondida,tinha agora 20 anos e a idéia de não envelhecer como os outros ainda me assustava. Foi quando soube que o príncipe havia sido morto e a caçada a alguns cainitas estava desfeita.

Voltei a freqüentar o refugio dos ventrues.

Nesses últimos anos me alimentava dos homens que me satisfaziam na cama. Em uma de minhas caçadas encontrei um rapaz que me chamou a atenção. Desde o primeiro momento apreciei cada detalhe seu,não senti vontade de possuir sua vida. Ele fazia com que eu me sentisse viva. Continha uma felicidade que para mim já era desconhecida. Percebi então que me apaixonara.

Convivi com ele por algum tempo,vivendo um grande romance. Chegou o dia que acreditei ser o momento de falar a verdade sobre mim. Em uma noite,depois de nos amarmos maravilhosamente,lhe contei quem era ou o que era. Um vampiro que estava apaixonada por um mortal e tinha medo da decisão do conselho da cidade.

Para minha surpresa ele aceitou e compreendeu o que revelei até então, e confessou que também não era quem dizia ser,explicou-me um pouco de sua vida, ele era Neo Daemon,um mago,assim se classificara com lágrimas nos olhos. Confesso que fiquei com medo,tudo que sabia sobre magos envolvia a morte de cainitas. No entanto ele jurou ser incapaz de me fazer algum mal,pois me amava muito e não achava justo não podermos estar juntos só porque éramos diferentes.

Ao assumir um amor tão grande,eu tinha conhecimento do que poderia me acontecer,com certeza seria morta se o conselho viesse a ter conhecimento dos fatos.

Mas o momento de minha destruição(se isso é possível),veio junto a uma noite especial.

Sem perceber o caminho que o destino seguia eu o abracei,pela primeira vez a pedido dele. Nunca havia bebido um sangue tão puro e doce. Na noite seguinte a história se repetiu e na terceira noite o inevitável. Após tomar seu sangue entrei em estado de topor por algumas horas. Quando voltei a mim estava em seus braços e ele com um sorriso no rosto,me envolvendo com seu carinho.

Percebi então que apesar de ter a máxima sensação de felicidade,eu havia realizado um laço de sangue com a morte.

Hoje ele leva no peito a lembrança daquela noite,na qual nós dois assinamos nossa sentença.

Ele vive na noite entre magos e tremeres,me deixando claro que não basta amar para ser amado,é preciso saber o que fazer para ser amado por alguém e que alguns segredos nunca devem ser contados.

Enquanto a mim,continuo vivendo na noite,me alimentando do corpo e da alma dos homens que me satisfazem,e durante minhas horas choro,por ser tão covarde e não viver normalmente,se é que isso é possível.

Continuo tentando entender o mundo dos vivos,o que considero uma missão impossível,e eterna.

Kanan